domingo, 5 de outubro de 2014

Maquina Eleitoral | Dir. Rafael Sol, 2014

















Imagine uma máquina eleitoral que traz à tona Dilma Rouseff, Aécio Neves e Marina Silva dentro de uma máquina que conta os momentos da disputa eleitoral. A corrida eleitoral traz os três principais candidatos lidando com uma máquina que pode machucar, ou simplesmente mostrar situações históricas para cada um destes personagens.

Confira e compartilhe.


terça-feira, 10 de junho de 2014

Brazil's anti-World Cup street art – in pictures

With the World Cup starting in Brazil this week, we look at some of the street art that shows that not everyone is looking forward to The Greatest Show on Earth

Brazil graffiti 1
A piece by the Brazilian artist Cranio depicting a man flushing money down a toilet bowl. Photograph: Nacho Doce/Reuters
Brazil graffiti 2
A motorcyclist passes anti-World Cup graffiti. Photograph: Christophe Simon/AFP/Getty Images
Brazil graffiti 3
Graffiti referencing the World Cup in São Paulo. Photograph: Paulo Whitaker/Reuters
Graffiti painted by Brazilian street artist Paulo Ito of depicting a starving child with nothing to eat but a football.
Graffiti by Brazilian street artist Paulo Ito depicting a starving child with nothing to eat but a football. Photograph: Nelson Almeida/AFP
A man stands next to graffiti referring to the 2014 World Cup in Sao Paulo.
Graffiti referring to the World Cup in São Paulo. Photograph: Nacho Doce/Reuters/Corbis
A boy prepares to fly a kite next to a graffiti by Brazilian artist Cranio depicting an indigenous man, in reference to the 2014 World Cup.
A piece by the Brazilian artist Cranio. Photograph: Nacho Doce/Reuters
Graffiti depicting the 2014 World Cup mascot Fuleco the Armadillo pointing a rifle at a message that reads 'We Want Education' and 'Not Repression'.
Fuleco the Armadillo, the 2014 World up mascot, pointing a rifle at a message that reads: 'We Want Education' and 'Not Repression'. Photograph: Sergio Moraes/Reuters
Graffiti over a mural featuring Neymar, has been modified to make the Barcelona striker look like a member of the Black Blocs, which have been active in Brazil's ongoing protest movement against the World Cup.
Graffiti over a mural featuring the Brazilian player Neymar. Photograph: Hassan Ammar/AP
Ryan, 9, eats in front of graffiti painted by members of OPNI n the Vila Flavia of Sao Paulo
An intricate mural in São Paulo. Photograph: Nacho Doce/Reuters
A graffiti depicting Tatubola, the mascot of the upcoming FIFA World Cup on a wall of the Maracana metro station.
Graffiti depicting Fuleco, the World Cup mascot, and a pig. Photograph: Yasuyoshi Chiba/AFP/Getty Images
A child looks out from the window of his home painted with graffiti by members of OPNI.
A scene depicting children in Brazil strips being held at gunpoint. Photograph: Nacho Doce/Reuters

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Come esta bola.


Grafite satirizando a Copa. Muita grana nas arenas, pouca comida na mesa do povo miserável.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Jornalista dinamarquês desiste de cobrir a Copa e deixa o Brasil

O jornalista dinamarquês Mikkel Jensen tinha o sonho de cobrir a Copa do Mundo no Brasil, mas não o cumprirá. Segundo ele, que esteve no país desde setembro do ano passado, as mudanças praticadas no país são feitas unicamente para impressionar pessoas como ele e a imprensa internacional. "Eu sou um cara usado para impressionar", justificou, em artigo publicado em seu perfil do Facebook (e que pode ser lido abaixo).
O sonho de Jensen de assistir "o melhor esporte do mundo em um país maravilhoso" terminou a apenas dois meses do pontapé inicial. Em visita a Fortaleza, "a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje", o dinamarquês esteve em contato com algumas crianças de rua. Uma delas lhe ofereceu um pacote de amendoins, e o impressionou.
"Esse cara, que não tem nada, ofereceu a única coisa de valor que tinha para um gringo que carregava equipamentos de filmagem no valor de R$ 10.000 e um Master Card no bolso. Inacreditável", relatou Jensen.
O jornalista optou por deixar o país quando se deu conta de que muitas crianças em situação de rua estão desaparecendo para dar aos turistas uma imagem mais "limpa" das cidades-sede. "Eu não posso cobrir esse evento depois de saber que o preço da Copa não só é o mais alto da história em reais – também é um preço que eu estou convencido incluindo vidas das crianças", escreveu.
"Hoje, vou voltar para Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show do Brasil. Um show, que eu dois anos e meio atrás estava sonhando em participar, mas hoje eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil", concluiu Jensen, que já está de volta à Dinamarca.
Leia o artigo na íntegra:
Quase dois anos e meio atrás eu estava sonhando em cobrir a Copa do Mundo no Brasil. O melhor esporte do mundo em um país maravilhoso. Eu fiz um plano e fui estudar no Brasil, aprendi Português e estava preparado para voltar.
Voltei em setembro de 2013. O sonho seria cumprido. Mas hoje, dois meses antes da festa da Copa eu decidi que não vou continuar aqui. O sonho se transformou em um pesadelo.
Durante cinco meses fiquei documentando as consequências da Copa. Existem várias: remoções, forças armadas e PMs nas comunidades, corrupção, projetos sociais fechando. Eu descobri que todos os projetos e mudanças são por causa de pessoas como eu – um gringo e também uma parte da imprensa internacional. Eu sou um cara usado para impressionar.
Em Março, eu estive em Fortaleza para conhecer a cidade mais violenta a receber um jogo de Copa do Mundo até hoje. Falei com algumas pessoas que me colocaram em contato com crianças da rua e fiquei sabendo que algumas estão desaparecidas. Muitas vezes, são mortas quando estão dormindo a noite em área com muitos turistas. Por que? Para deixar a cidade limpa para os gringo e a imprensa internacional? Por causa de mim?
Em Fortaleza eu encontrei com Allison, 13 anos, que vive nas ruas da cidade. Um cara com uma vida muito difícil. Ele não tinha nada – só um pacote de amendoins. Quando nos encontramos ele me ofereceu tudo o que tinha, ou seja, os amendoins. Esse cara, que não tem nada, ofereceu a única coisa de valor que tinha para um gringo que carregava equipamentos de filmagem no valor de R$10.000 e uma Master Card no bolso. Inacreditável.
Mas a vida dele está em perigo por causa de pessoas como eu. Ele corre o risco de se tornar a próxima vítima da limpeza que acontece na cidade de Fortaleza.
Eu não posso cobrir esse evento depois de saber que o preço da Copa não só é o mais alto da historia em reais e centavos – também é um preço que eu estou convencido incluindo vidas das crianças.
Hoje, vou voltar para Dinamarca e não voltarei para o Brasil. Minha presença só está contribuindo para um desagradável show do Brasil. Um show, que eu dois anos e meio atrás estava sonhando em participar, mas hoje eu vou fazer tudo o que estiver ao meu alcance para criticar e focar no preço real da Copa do Mundo do Brasil.
Alguns quer dois ingressos para França – Equador no dia 25 de Junho?
Mikkel Jensen - jornalista independente do Dinamarca e correspondente em Rio de Janeiro
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Mikkel Jensen deixou o Brasil ao descobrir "limpeza" feita para agradar pessoas como ele - um gringo | Crédito: Reprodução/Facebook
fonte: Placar

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Argumentos para continuar protestando contra a Copa do Mundo no Brasil

Após a primeira grande manifestação do ano contra a Copa do Mundo no Brasil, ganhou corpo na internet uma campanha orquestrada para desqualificar os que criticam a realização do megaevento
por Comitê Popular da Copa de São Paulo — publicado 04/02/2014 05:56, última modificação 04/02/2014 15:21
André Peniche/CartaCapital

Protesto contra Copa

Um vocabulário sinistro povoou textos em blogs, sites de notícias e postagens nas redes sociais que se prestaram ao nefasto serviço. Termos como “bandidos”, “fascistas” e até “terroristas” foram usados para classificar manifestantes, em uma flagrante demonstração de má fé e irresponsabilidade. Até a presidenta da República surgiu com uma declaração de que protestar contra a Copa é “ter uma visão pequena do Brasil”.
Houve ainda quem apelasse para o nacionalismo, acusando os que são contra a Copa de serem contra o país. Impossível não lembrar, nesse raciocínio, do governo Médici e o chavão ufanista “Brasil: Ame-o ou Deixe-o”, empregado a quatro cantos durante um dos períodos mais repressivos da Ditadura.
No entanto, a estratégia de desqualificar manifestantes e manifestações tem pernas curtas. Tudo porque, infelizmente, os legados negativos da Copa são gritantes demais para serem apagados, e se apresentam como quase que uma inesgotável fonte para mais protestos.
Aos que não os veem (ou não querem ver), porém, gostaríamos de abrir os olhos.
A Copa das Remoções
A Ancop (Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa) estimou que 250 mil pessoas foram ou serão removidas de suas casas no Brasil, em razão de obras justificadas pela realização da Copa do Mundo e das Olimpíadas. Há dificuldade em encontrar o número exato de pessoas afetadas pelas remoções, pois o poder público das cidades-sede frequentemente se nega ou diz não ter informações sobre os despejos.
“As estratégias utilizadas uniformemente em todo o território nacional se iniciam quase sempre pela produção sistemática da desinformação, que se alimenta de notícias truncadas ou falsas, a que se somam propaganda enganosa e boatos. Em seguida, começam a aparecer as ameaças. Caso se manifeste alguma resistência, mesmo que desorganizada, advém o recrudescimento da pressão política e psicológica. Ato final: a retirada dos serviços públicos e a remoção violenta”.
As Nações Unidas, em sua revisão periódica universal de 2012, também questionaram a violação de direitos humanos na preparação da Copa de 2014, sobretudo no que diz respeito aos despejos forçados.
Portanto, em nome da Copa do Mundo, graves violações de direitos humanos foram e estão sendo cometidas. Comunidades inteiras foram e estão sendo riscadas do mapa, desorganizando a vida de milhares de pessoas, destruindo laços comunitários de décadas e criando traumas psicológicos permanentes. Tudo no decorrer de processos marcados pela verticalidade, truculência e falta de transparência do poder público.
A Copa dos Elefantes Brancos
De acordo com a ONG “Contas Abertas”, pelo menos quatro dos 12 estádios construídos e/ou reformados para a Copa vão se transformar em elefantes brancos – isto é, obras caras, vultosas, mas subutilizáveis.
Os estádios de Brasília, Cuiabá, Manaus e Natal não deverão sair por menos que 2,8 bilhões de reais no total. Parte da verba será financiada via BNDES, que tem na sua composição verbas oriundas do Tesouro Nacional e do Fundo de Amparo ao Trabalhador – públicas, portanto. Outra parte será composta diretamente por dinheiro público, através de aporte dos governos estaduais. Em todas essas cidades, os estádios serão grandes (e caros) demais para locais com histórico de partidas de futebol com públicos pequenos.
Por exemplo, o estádio Mané Garrincha, em Brasília, tem capacidade máxima para 71 mil pessoas. A contradição salta aos olhos quando olhamos para o público do primeiro jogo da final do campeonato brasiliense do ano passado: parcos 1.956 pagantes. O mesmo cenário se repete nas outras três cidades mencionadas.
Chegamos ao ponto de em Manaus, o Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, ligado ao Tribunal de Justiça do Amazonas, aventar a hipótese de transformar o recém-construído estádio em um ‘presídio’ temporário.
Desta forma, não é difícil concluir que, passada a Copa, todos os quatro estádios deverão ficar vazios – fato que se configura em um bilionário descaso com o dinheiro público.
A Copa da Exploração Sexual
Em um país onde reina a pobreza e a cultura do machismo, a realização da Copa do Mundo, com a consequente chegada de milhares de turistas, só fará aquecer ainda mais as redes de aliciamento que se beneficiam do mercado da exploração sexual .
Um estudo da fundação francesa Scelles comprova que as grandes competições internacionais permitem que as redes criminosas “aumentem a oferta” de pessoas que são prostituídas. Na África do Sul, por exemplo, o número estimado aumentou de 100 para 140 mil, durante o megaevento de 2010.
O Brasil possui um dos maiores níveis de exploração sexual infanto-juvenil do mundo. De acordo com o Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, uma rede de organizações não-governamentais, estima-se que existam 500 mil crianças e adolescentes na indústria do sexo no Brasil (dados de 2012). Este índice tende a crescer ainda mais com a Copa de 2014. Em março de 2012, foi denunciado o site “Garota Copa Pantanal 2014″ que publicava vídeos e fotos de garotas menores de 18 anos em posições sensuais e com camisetas promocionais alusivas ao torneio de futebol.
Mas tais impactos começaram antes mesmo dos primeiros turistas chegarem para os jogos. Há denúncias do aumento de exploração sexual, incluindo crianças e adolescentes, nos arredores dos estádios e das grandes obras urbanas da Copa, divulgadas recentemente no jornal britânico “Mirror”, que revelou que garotas de 11 a 14 anos estão se prostituindo na região do Itaquerão, Zona Leste de São Paulo.
Apesar da exploração sexual ter sido elencada entre as preocupações das autoridades brasileiras com a realização do megaevento, pouco foi efetivado em termos de políticas públicas preventivas ou de combate ao tráfico de mulheres até o momento.
No estado da Bahia, o terceiro em número de denúncias de violência sexual, apenas em dezembro de 2013 se divulgou uma campanha com o título “Fim da Prostituição e do Tráfico Infantil”. Além disso, as poucas campanhas realizadas até agora são relacionadas ao público infantil, campanhas estas que são mais aceitas pela sociedade e provocam adesão no combate.
Todavia, campanhas relacionadas a públicos estigmatizados, como mulheres e travestis, não recebem a devida ênfase, omitindo-se assim o fato de que se tratam de vítimas das condições sociais que as levaram à prostituição. Isso nos remete ao histórico de violação de direitos que perpassa até mesmo os planejamentos das políticas públicas.
Ativistas e organizações que combatem a exploração de pessoas indicam que o assunto não é prioridade para os governos, que continuam reprimindo as trabalhadoras e trabalhadores do ramo ao invés de desenvolver políticas públicas de prevenção à exploração sexual, dando-lhes outras condições e alternativas de sobrevivência. Políticas deveriam ter sido intensificadas logo que o país foi eleito sede da Copa do Mundo, o que não ocorreu.
É valido ressaltar que campanhas de combate à exploração sexual, até então, pouco tem se relacionado ao nome da Fifa. Será que esse é mais um requisito para trazer o torneio ao Brasil? Assim como é exigido a outras corporações, a Fifa também deveria cumprir leis de responsabilidade social, como, por exemplo, campanhas e ações na área do combate à exploração sexual, dados os inúmeros alertas e fatos que comprovam que o Mundial intensifica esse sombrio mercado.
A Copa do Fim da Soberania
Para poder receber a Copa do Mundo, o governo brasileiro resolveu abrir mão da soberania do país, que em tese estaria garantida no artigo 1º da Constituição Federal. Fez isso ao oferecer, ao longo do tempo, uma série de garantias à Fifa nas quais se compromete em acatar todas as demandas impostas pela entidade.
Dessa forma, em 2012, foi sancionada a Lei Geral da Copa, que flexibiliza a legislação nacional e cria zonas de exceção nas cidades-sede.
A lei dá à Fifa a prerrogativa de estabelecer em torno dos eventos esportivos e da Fan Fest uma área com um raio de até 2 quilômetros onde somente patrocinadores oficiais poderão comercializar produtos. Estabelecimentos comerciais regulares não seriam impedidos de abrir as portas, mas trabalhadores ambulantes – que em São Paulo totalizam cerca de 138 mil pessoas – fatalmente serão reprimidos e impedidos de trabalhar.
A Fifa conseguiu ainda fazer com que o Estado brasileiro criasse novas tipificações penais. A Lei Geral da Copa prevê pena de três meses a um ano para os que usarem de forma indevida (isto é, com fins comerciais) símbolos relacionados ao evento, nacionais e culturais. Isto significa que palavras como “Mundial”, “Copa”, “Brasil”, “Canarinho”, entre tantos outros, ficam nas mãos da Fifa e de suas empresas parceiras para exploração comercial exclusiva.
Esses novos crimes ainda serão julgados por tribunais de exceção a serem instalados no entorno dos estádios. Nestes locais, o julgamento será conduzido de forma rápida e com penas mais duras, prejudicando o direito à ampla defesa – um dos direitos penais mais básicos de qualquer democracia .
Por fim, é preciso ainda lembrar que a Lei Geral da Copa concede à Fifa e a suas empresas parceiras isenção total de todos os impostos brasileiros, seja na esfera municipal, estadual ou federal. Estimativas do próprio governo brasileiro apontam uma economia à entidade de 1 bilhão de reais em razão da desoneração fiscal].
Não à toa, a Copa do Mundo no Brasil deve ser a mais lucrativa da história da Fifa. Segundo a própria entidade, que em tese não tem fins lucrativos, o megaevento deve render 10 bilhões de reais aos seus cofres.
A Copa da Elitização
Para poder receber a Copa do Mundo, governos e clubes foram obrigados a construir e reformar estádios obedecendo a um “padrão Fifa de qualidade”. Isto significou que estádios deixam de ser “estádios” e passam a ser chamados de “arenas”, onde tudo é de última geração: do telão que mostra os lances do jogo ao estofado das cadeiras.
A princípio tratam-se de novidades positivas, mas que só resistem ao nível da aparência. Na prática, há um trágico efeito colateral em curso: os custos das novas arenas são embutidos no preço dos ingressos, que ficam mais caros, gerando uma pérfida elitização do futebol.
A consultoria BDO divulgou um estudo que abrangeu as nove primeiras rodadas do Brasileirão de 2013. Em um primeiro momento, foi analisado o preço dos ingressos para partidas realizadas nas novas arenas reformadas para a Copa das Confederações. Em seguida, verificou-se o preço dos ingressos para partidas realizadas nos estádios antigos. O resultado apontou que os ingressos nas novas arenas foram em média 119% mais caros que os nos estádios antigos.
Com as arenas, espaços tradicionais da torcida brasileira, como as gerais e as arquibancadas, são extintos ou reduzidos. Em seu lugar se instalam lojas e estabelecimentos comerciais. Surge assim o “torcedor-consumidor”, caracterizado pelo pouco envolvimento na política e dia-a-dia de seu time, e que vai ao estádio assistir a uma partida assim como vai ao cinema de um shopping center.
Nesse processo que veste o manto do capital imobiliário e especulativo, parcelas mais pobres da sociedade são excluídas e impossibilitadas de acompanhar in loco jogos do esporte mais popular do país.
A Copa da Repressão
Mais preocupante que a campanha orquestrada para desqualificar os que criticam a Copa é o movimento orquestrado pelo Estado brasileiro para expandir o aparato repressivo visando sufocar protestos durante o megaevento – e muito provavelmente, depois. Este movimento tem atuado em duas frentes: uma legislativa e outra ostensiva (policial e militar).
O projeto de lei 728/2011, de autoria do senador Marcelo Crivella (PRB), pretende tipificar o crime de terrorismo no Brasil. Atualmente em trâmite no Senado, caso seja aprovado, este projeto criará um subterfúgio jurídico para que tribunais possam enquadrar movimentos sociais e manifestantes que supostamente promovam a ação direta como recurso durante manifestações.
Já na frente ostensiva, o cenário é ainda mais chocante. O governo federal já gastou quase 50 milhões de reais em armamento menos letal, que inclui granadas de todos os tipos, armas de choque elétrico e balas de borracha. Uma tropa de choque especial com 10 mil homens também foi criada para atuar nacionalmente nas cidades-sede da Copa.
Em São Paulo, a Polícia Militar avisou que vai adquirir caminhões que lançam jato d’água para conter manifestantes. Trata-se dos mesmos caminhões que foram largamente usados para reprimir manifestações populares na Turquia e no Chile.
Um batalhão especial, formado por 413 policiais militares, também foi criado pelo governo paulista com a função de fazer o “controle de distúrbios civis e antiterrorismo”.
Mas assombroso mesmo é o manual publicado pelo Ministério da Defesa em dezembro último, intitulado “Garantia da Lei e da Ordem”, que atualiza orientações para a atuação das Forças Armadas no país.
No texto, “movimentos ou organizações” são classificados como “forças oponentes”, assim como qualquer pessoa ou organização que esteja obstruindo vias de acesso, “provocando ou instigando ações radicais e violentas”.
Na lista de principais ameaças estão “bloqueios de vias públicas de circulação”, “depredação do patrimônio público e privado”, “paralisação de atividades produtivas” e “invasão de propriedades e instalações rurais ou urbanas, públicas ou privadas”.
As Forças Armadas devem estar nas ruas durante a realização Copa do Mundo, assim como estiveram durante a Copa das Confederações.
Que “Copa das Copas” é essa que precisa do exército nas ruas para acontecer?
A Copa dos Protestos
Diante de tantas arbitrariedades, violações de direitos humanos, processos de exclusão social, apropriação do patrimônio público, entre outras várias mazelas, protestar contra a realização da Copa da Fifa no Brasil não só é legítimo – é também um dever. Portanto, não se deixe intimidar por discursos embevecidos por um patriotismo cego e anacrônico ou ainda por artigos escritos por gente cujo verdadeiro compromisso é com determinada agremiação política ou com o próprio bolso.
Enquanto políticos e articulistas desqualificam, a atuação do aparato militar contra manifestações recrudesce, fato que ficou claro no protesto do último dia 25 de janeiro, quando o manifestante Fabrício Proteus foi baleado quase que mortalmente por policiais militares. O episódio – bastante rotineiro nas periferias do Brasil, diga-se – se configura como um eloquente alerta para futuras manifestações.
Mas nem a violência policial nem o discurso da desqualificação devem nos impedir de desfrutarmos do direito constitucional de protestar, sobretudo contra uma Copa imersa em podridão como a que se avizinha.
Então, que em 2014 façamos das ruas e avenidas das cidades a verdadeira arquibancada do país!
*O Comitê Popular da Copa de São Paulo, criado em 2011, é um grupo de articulação contra os impactos e as violações de direitos humanos da Copa do Mundo de 2014 em SP. Este texto foi publicado originalmente no site do Comitê, onde mais informações podem ser encontradas: comitepopularsp.wordpress.com/
registrad

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

COMO NÃO CHORAR NA MANGUEIRA?


Estas crianças, homens e mulheres viram suas casas serem derrubadas com todos os seus pertences dentro em nome da Copa da FIFA. Eles são brasileiros queném eu e são unânimes em sua revolta que afirma: NÃO VAI TER COPA! Os moradores das casas que ainda restam de pé esperam a chegada da Tropa de Choque antes do tratores que até sexta devem transformar em escombros o teto destas famílias.










terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Obra de Wilton Vinicius sobre a Copa da Fifa


Mascote da Copa de 2014 é produzido em fábrica chinesa


Tatu-bola foi batizado de Fuleco através de votação popular

FOTO: mascote da Copa de 2014 é produzido em fábrica chinesa STR/AFP
Foto: STR / AFP








Simbolo da Copa do Mundo do Brasil, o Fuleco, é produzido em fábrica do leste da China. As versões de pelúcia do tatu-bola são feitas na cidade de Tianchang, na província de Anhui.
O mascote oficial teve seu nome escolhido em votação popular e significa uma mistura de "futebol" e ecologia", componentes fundamentais do Mundial.

sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Governo cria tropa de choque de 10 mil homens para protestos na Copa

Força Nacional forma policiais para enviar às 12 cidades-sede em 2014.

“Pela qualidade desta tropa, ela deverá atuar em todas as sedes. Em algumas, como força de contingência (ficando em espera nos quartéis, sendo acionada só quando precise). Em outras, terá função definida de antemão, como apoio ao policiamento ostensivo, bloqueio de estádios, controle de ruas onde haverá protestos. Cada estado definirá isso”, afirma Rodrigues.

O governo federal formou uma tropa de choque de 10 mil homens que irá apoiar as polícias militares nas 12 cidades-sede dos jogos da Copa do Mundo de 2014 para conter protestos violentos durante o evento.

São os PMs que integram a Força Nacional de Segurança Pública, treinados desde 2011, segundo o diretor da unidade, coronel Alexandre Augusto Aragon. Eles tiveram o aperfeiçoamento intensificado neste ano após as manifestações de junho, durante a Copa das Confederações.
Criada em maio de 2007 por uma lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a Força é composta por PMs, policiais civis, bombeiros e peritos de todos os estados, que são voluntários e passam por um treinamento diferenciado antes de serem enviados para missões excepcionais e de caráter temporário.
Policial dispara contra manifestantes no Rio de Janeiro (Foto: Silvia Izquierdo/AP)Policial dispara contra manifestantes no Rio de Janeiro (Foto: Silvia Izquierdo/AP)
“A Força Nacional não é uma força comum. Somos convocados só para momentos de crise, só para missões específicas. Cheguei a ter 42 frentes de operações abertas ao mesmo tempo no país. Para a Copa do Mundo, formamos 10 mil homens em doutrinas de ações de choque, e estamos com condições de atuar em todas as 12 cidades-sede ao mesmo tempo”, afirma o coronel Aragon.

O número de policiais treinados pela Força Nacional para controle de protestos é representativo quando se compara o efetivo das tropas de Choque dos estados: a maioria possui apenas um batalhão, contando com entre 100 e 200 homens com esta qualificação.
Até mesmo São Paulo, que possui a maior Tropa de Choque do país (3 mil homens) e que, mesmo durante ataques de facções criminosas, nunca pediu apoio federal na segurança pública, deve contar com homens da Força Nacional, diz o secretário nacional de segurança para grandes eventos, delegado da Polícia Federal Andrei Augusto Passos Rodrigues.

Segundo ele, os estados deverão concluir até o fim de janeiro o planejamento do que que vão precisar de apoio federal.

A previsão é que, com a experiência da Copa das Confederações, quando houve atuação em 5 estados, a Força Nacional envie soldados para todos aqueles que receberão jogos da Copa.
“Pela qualidade desta tropa, ela deverá atuar em todas as sedes. Em algumas, como força de contingência (ficando em espera nos quartéis, sendo acionada só quando precise). Em outras, terá função definida de antemão, como apoio ao policiamento ostensivo, bloqueio de estádios, controle de ruas onde haverá protestos. Cada estado definirá isso”, afirma Rodrigues.

"Temos uma interação absolutamente boa com o secretário de Segurança de São Paulo, Fernando Grella, que já esteve aqui no Ministério da Justiça várias vezes e sabe que esta é um força que está à disposição”, acrescenta o secretário.

A Secretaria de Segurança de São Paulo informou que o plano de segurança para a Copa ainda não está pronto, mas que a hipótese de pedido de apoio da Força Nacional "sequer foi cogitada".
Manifestantes se ferem após início do confronto contra tropa da Força Nacional (Foto: Wilton Junior/Estadão Conteúdo)

Manifestantes se ferem em confronto com a Força Nacional no leilão de Libra, em outubro
Preparação
A decisão de aplicar um curso de controle de distúrbios civis (como são chamados, na linguagem policial, manifestações e protestos) em 10 mil homens ocorreu após uma análise das últimas edições do evento.

“Desde a Copa do Mundo de 1930, os países-sede enfrentam histórico de manifestações. Houve também na África do Sul (2010), na Alemanha (2006) e na Coreia do Sul e no Japão (2002). Já estávamos preocupados com isso antes mesmo dos eventos deste ano, pois não é nossa responsabilidade esperamos pra ver”, diz o coronel Aragon. “A violência dos protestos recentes é que assustou. Tivemos muitos policiais feridos no Rio. Isso gerou aprimoramentos”, afirma ele.

“A doutrina de força de Choque determina que não se chegue muito perto dos manifestantes. Não é uma ciência exata. No leilão de Libra (em outubro no Rio), houve confronto e fomos atacados, mas tentamos manter uma distância mínima de 30 metros deles. O objetivo era manter o isolamento e impedindo o acesso ao local de onde ocorria o evento”, explica o diretor da Força.

Banhistas tomam sol na praia da Barra da Tijuca, com militares da Força Nacional ao fundo (Foto: Sergio Moraes/Reuters)

Durante leilão de Libra, homens da Força Nacional
bloquearam praias no Rio
(Foto: Sergio Moraes/Reuters)
Quando a Força Nacional é enviada em apoio a um estado, ela fica subordinada aos órgãos de segurança pública locais e recebem missões específicas.

Por exemplo, na final da Copa das Confederações, em que o Brasil bateu por 3 a 0 a Espanha no Maracanã, em 30 de junho, os PMs da Força integravam uma linha de contenção do estádio. Já durante os protestos, foram destinados, pela PM do Rio, para fazer o bloqueio ou conter atos de vandalismo em alguma rua.
Formada por cerca de 12 mil homens, entre policiais militares, policiais civis, peritos e bombeiros, a força atua sempre com caráter temporário e sob portaria publicada no Diário Oficial pelo Ministério da Justiça. Enquanto cedidos pelos estados para uma missão, os policiais continuam como contratados pelo estado e recebendo o salário do estado. Há apenas um adicional: a diária de viagem para a missão, que é paga pelo governo federal, e varia entre R$ 200 e R$ 600 por dia, dependendo do local.  Durante a Copa das Confederações e a visita do Papa, o Ministério da Justiça autorizou o pagamento de diária dobrada para integrantes da PF, Polícia Rodoviária Federal e da Força.

Policiais atiram contra grupo de manifestantes (Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)

Policiais da Força Nacional atiram contra grupo em protesto no Rio (Foto: Yasuyoshi Chiba/AFP)
Robô espião
Para os protestos de 2014, a Força adquiriu um minirrobô espião, que vai monitorar militantes do black bloc: pequeno e de borracha, ele se infiltrará durante os atos de violência para realizar filmagens e auxiliar na investigação dos envolvidos.

“Não posso dar detalhes de como funciona, para que não seja envolvidos. Mas suas imagens vão nos ajudar a entender o que está acontecendo”, diz o coronel Aragon.

A corporação possui uma escola, em Brasília, que padroniza as ações dos policiais de vários estados, seguindo os preceitos da ONU, que, conforme o comandante, autoriza o uso de munição menos letal nos protestos, como spray de pimenta, lacrimogêneo e bala de borracha. Também foi montado, na capital federal, um centro de monitoramento que permite acompanhar em tempo real todas as operações da força pelo país, que vão desde apoio a cidades em caso de greves policiais, socorro em calamidades, enchentes e tragédias, até policiamento de áreas indígenas  e proteção de juízes e autoridades.

“Cheguei a ter 42 operações ocorrendo ao mesmo tempo nos 23 estados e no Distrito Federal. Preciso saber o que está acontecendo em cada uma delas”, afirma o diretor da Força.

Fonte: G1, em São Paulo