sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Andrew Jenning: " A Máfia é amadora comparada à Fifa."



Há 13 anos o jornalista escocês Andrew Jennings comprou uma guerra com a mais poderosa instituição esportiva do mundo, a Federação Internacional de Futebol (Fifa). Em 1998, ele começou a investigar as relações entre empresas e dirigentes da Fifa. Descobriu eleições compradas, manipulação de resultados de jogos e negociatas para a escolha de países-sede da Copa do Mundo. Reuniu tudo em um livro, recém-lançado no Brasil: Jogo Sujo, o mundo secreto da Fifa. “São negócios que fariam corar a máfia italiana”, afirma Jennings. 
ÉPOCA – O que há de errado com a Fifa?
Andrew Jennings – A Fifa está roubando a paixão das pessoas. O futebol é uma paixão, e a paixão cega. Esses crápulas que dirigem a Fifa enriquecem às custas do dinheiro da paixão. Todo o sistema das grandes confederações do esporte está contaminado. A corrupção está lá. Blatter vende a imagem de ser um amante do futebol, um homem que dorme e acorda pensando em como melhorar e desenvolver o esporte. Mas ele é um parasita. Um sanguessuga grudado na jugular do futebol. Um homem de negócio que usa o esporte para se autopromover e ganhar dinheiro. O melhor que ele poderia fazer pelo futebol é deixá-lo, ir embora.

ÉPOCA – De que modo eles agem nos bastidores?
Jennings – A Fifa dá, no mínimo, US$ 250 mil por ano para cada país investir em futebol. Na Europa esse dinheiro é irrelevante. Mas pense no Congo. Mauritânia. Tailândia. Esse dinheiro nunca é auditado. Por mais de 30 anos eu investiguei máfias, corrupção policial, corrupção política e crime organizado. Eles são amadores comparados com o que se faz na Fifa. Os líderes da Cosa Nostra enrubesceriam se soubessem das negociatas que rolam em Zurique.

ÉPOCA – É assim que esse poder é mantido?
Jennings – Blatter diz que é eleito de maneira democrática. Não há nada que mereça ser chamado de democracia na Fifa. Em uma democracia existe discordância, oposição. Na Fifa, não. Aquilo que elege Blatter e Havelange é um congresso de federações que, por ironia, eles chamam de parlamento. São mais de 600 delegados, 2 ou 3 por país, com 208 países. É intrigante ver como, em votações, todos concordam com tudo que Blatter propõe ali. O que vemos no parlamento da Fifa são os pequenos ratos agradecendo ao rato-chefe pelo estilo de vida de magnatas que levam.

ÉPOCA – O senhor pode provar as acusações?
Jennings – Quando digo que eles são canalhas não se trata da minha opinião – apesar de demonstrar o que sinto por essas pessoas. Eu não falo nada sobre ninguém antes de uma profunda pesquisa: meses reunindo provas, documentos e entrevistas que comprovem o que digo. Meu livro é baseado em dez anos de investigação sobre a Fifa e apresenta uma série de documentos: as relações escusas entre os dirigentes da Fifa e empresas patrocinadoras e de marketing, a conivência com a venda de ingressos para cambistas, a cooptação de novas federações pelo mundo, as propinas para sediar a Copa.

ÉPOCA – A escolha do país que vai sediar a Copa é isenta?
Jennings – Não. Posso dar o exemplo da Copa de 2006. A candidata Alemanha tinha tradição no futebol, mas não contava com votos importantes de países da África. Até que um magnata da TV alemã, Leo Kirch, entrou no jogo. Ele tem várias estações de TV esportiva, e ganharia uma fortuna com contratos de direito de transmissão da Copa em seu país. Ele então vendeu contratos com Tailândia, Trindade e Tobago e alguns países africanos para transmissão de jogos do Bayern de Munique contra a seleção de Malta. Se você está na Tailândia, quer ver o Bayern jogar contra Malta ou contra o Machester United e o Real Madrid? O dinheiro foi para as federações que, assim, votaram na Alemanha.

ÉPOCA – No caso do Brasil também houve manipulação para sediar a Copa do Mundo de 2014?
Jennings – Vamos dar um passo atrás. Blatter tinha de retribuir a Ricardo Teixeira o apoio para sua eleição. Que tal uma Copa do Mundo para você ganhar um bom dinheiro? Perfeito! Vamos dar um nome para isso: rotação de países-sede. Vamos dizer que cada continente terá a sua vez de sediar uma Copa. Ninguém na América do Sul, além do Brasil, teria condições de organizar uma Copa. Isso foi uma artimanha política. Se você prestar atenção nos contratos, uma empresa de Ricardo Teixeira vai ter participação no lucro gerado pela Copa para a CBF. O Brasil como sede de 2014 foi menos uma questão de propina, e mais uma questão de interesses políticos. Triste é ver o povo na praia de Copacabana comemorar o resultado da escolha, sem saber o que está de fato acontecendo.

ÉPOCA – E no caso da Rússia e do Catar, sedes das Copas de 2018 e 2022?
Jennings – Não tenho dúvida de que eles pagaram propinas. Uma hora encontraremos a prova. Catar? A Fifa está falando sério? A população mundial sabe que é impossível organizar uma Copa no Catar, no verão. E no inverno europeu há uma tradição de jogos de futebol. Nunca os clubes, as televisões e as federações vão permitir que o futebol pare no inverno. Você imagina os donos de times de futebol dizendo: “Ei, pessoal, não haverá dinheiro da TV e patrocínio durante um mês por causa da Copa, OK?”. Já a Rússia, apesar da tradição no futebol, fez um jogo sujo contra seus adversários. Tenho uma foto de Blatter fazendo um brinde a Alimzhan ‘Alik’ Tokhtakhounov, um conhecido mafioso russo, em 2006. Foi ele que manipulou e pagou propina aos jurados nas Olimpíadas de Inverno de 2002, em Salt Lake, para que os russos ganhassem o ouro em patinação artística. Blatter, Havelange e muitos outros da Fifa são parte do Comitê Olímpico Internacional. Esse tipo de assédio fez a Rússia ser eleita para a Copa de 2018.

ÉPOCA – Como o jogo político dos bastidores afeta as partidas de futebol?
Jennings – Na Copa do Mundo de 2002, a Espanha e a Itália foram roubadas de modo grotesco, por dois árbitros diferentes. O resultado favoreceu quem? A Coreia do Sul, um dos países-sede. Na Coreia, o beisebol é mais popular do que o futebol. Se o time nacional fosse desclassificado, os estádios ficariam vazios. A Coreia chegou às semifinais. Como todos estão de olho nos atletas, é mais fácil corromper um árbitro. É a figura que mais comete erros cruciais durante uma partida.

ÉPOCA – Como você avalia as exigências da Fifa ao país que vai sediar a Copa?
Jennings – Essas exigências são para facilitar a corrupção. Na África do Sul construíram cinco estádios, muitos deles em cidades que dão mais atenção ao rúgbi que ao futebol. Políticos liberam incentivos fiscais e facilitam licitações para atender as demandas da Fifa. Todos lucram com isso, menos o povo. Os britânicos tentaram sediar a Copa de 2018, mas não aceitaram pagar propina. Acabaram perdendo para a Rússia.

ÉPOCA – Por que a Fifa não é investigada e os responsáveis presos, se essas irregularidades são tão óbvias?
Jennings – Por que você acha que a sede da Fifa é em Zurique? Coincidência? Apelo geográfico? Na Suíça, a propina comercial não era ilegal até há poucos anos, apenas o suborno de oficiais do governo. A ISL só foi responsabilizada pelo fato de gerenciar mal seus negócios enquanto devia para outras empresas.

ÉPOCA – O senhor torce para algum time? Consegue gostar de futebol mesmo sabendo de tudo isso? 
Jennings – Sim. Adoro futebol. Mas não torço por nenhum dos grandes clubes. Simpatizo com um time que você nunca ouviu falar: o Leyton Orient. Há décadas chamava-se Clapton Orient. É um clube do leste de Londres, onde meu avô jogou. Não gosto de torcer por clubes porque tenho apreço pelo esporte, pelo lado atlético do esporte. Não importa se é futebol ou rugby: o importante é que seja feito com honestidade.

Fonte: Época

FIFA é indicada ao prêmio de pior empresa do mundo em 2014




A menos de um ano da Copa do Mundo no Brasil, a FIFA, entidade máxima do futebol, foi indicada a um prêmio um tanto inglório: a pior empresa do mundo. O anúncio foi feito pelos organizadores do Public Eye Awards, conhecido como o “Nobel” da vergonha corporativa mundial, que já abriu votação pela internet para eleger o ‘vencedor’. O resultado será anunciado em janeiro de 2014.
Criado em 2000, o Public Eye Awards é concedido anualmente no Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos, sempre em janeiro. A corporação ‘vencedora’ é escolhida por voto popular em função de denúncias de problemas sociais, ambientais e trabalhistas. Em 2012, a mineradora brasileira Vale foi eleita pelo público por violações de direitos humanos e impactos ambientais causados por suas operações. Por razões similares, a Shell foi a eleita de 2013. Para o ano que vem, a FIFA concorre com empresas como o banco HSBC, a loja GAP, a petrolífera Gazprom e a produtora de sementes e agrotóxicos Syngenta.
Entidade é acusada de incentivar violações de direitos e mau uso de dinheiro público. Público pode votar pela internet; resultado sai em janeiro.
A indicação da FIFA surge após a onda de manifestações que tomou conta do país durante a Copa das Confederações. A entidade presidida por Joseph Blatter é acusada de incentivar violações de direitos e mau uso de dinheiro público nos países que recebem o megaevento, em favorecimento de empresas parceiras e com anuência de governos locais.
A candidatura foi proposta pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP), rede que reúne movimentos e organizações sociais em todas as cidade-sede da Copa de 2014. Só no Brasil, a ANCOP contabiliza, por exemplo, cerca de 200 mil pessoas despejadas de suas casas ou ameaçadas de despejo em função de obras relacionadas com a Copa do Mundo.
Fonte: romario.org

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Fifa proíbe o São João em Salvador


A partir do mês de junho, quando acontecem os jogos da Copa das Confederações e Salvador abrigará algumas partidas, estão proibidas a realização de festas na cidade. A situação chegou ao conhecimento da Tribuna da Bahia por intermédio de dois moradores – um planejava realizar uma festa junina no bairro do Barbalho e o segundo em Periperi – as festas tiveram as licenças negadas pela Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo, Sucom, por conta de uma ordem da Fifa.
A TB entrou em contato com a assessoria do órgão municipal que confirmou a suspensão de eventos na cidade no mês de junho. “A Prefeitura de Salvador irá publicar um decreto dando maiores detalhes, mas a orientação é não liberar eventos na cidade em junho”, alega.
A Tribuna entrou em contato com a Assessoria Geral de Comunicação, Agecom, e teve como informação que isso faz parte de um acordo firmado entre a Fifa, o governo federal e ascidades sedes dos jogos. “O governo brasileiro assinou o acordo com a entidade e tem que aceitar as regras. Foi assim nos Estados Unidos e na África do Sul. Nos circuitos oficiais como Avenida Paralela, Avenida Bonocô, Orla, Dique do Tororó, Vitória, Ribeira, dentre outros pontos da cidade terão que exibir toda a comunicação visual com os patrocinadores da Copa. A Sucom deverá apreender quem estiver desrespeitando as regras”, alerta a assessoria.
Celeuma - Não é a primeira vez que ocorre episódios emblemáticos envolvendo a Fifa. A entidade havia proibido a comercialização de acarajés no entorno do estádio. A regra da Fifa recomendava o afastamento desse tipo de comércio num perímetro de até dois quilômetros das praças de jogos.
A atitude foi tomada porque o acarajé não deveria ser concorrente aos hambúrgueres produzidos pela rede McDonald’s, patrocinadora oficial da Fifa. Aparentemente a entidade teria voltado atrás e liberado a comercialização do bolinho, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, como patrimônio imaterial.
Escritório da Copa se manifesta
A Tribuna da Bahia entrou em contato com o Escritório da Copa, Ecopa, que disse desconhecer a informação de restrição a eventos na cidade durante o mês de junho. “Cada evento é analisado individualmente pelos órgãos competentes e a sua aprovação leva em conta todas as condições necessárias, de acordo com a regulamentação vigente. Não há nenhum impedimento em relação à realização de eventos na cidade. Pelo contrario, tanto a Prefeitura, quanto o Governo de Estado estão elaborando uma ampla programação de eventos que oportunamente será divulgada, para que todo o cidadão soteropolitano possa ter lazer, cultura e entretenimento durante a realização dos jogos em nossa cidade”, informou a nota da assessoria da Ecopa.
Questionada se a Fifa teria “alugado” a cidade, a Ecopa se manifestou. “Salvador, bem como todas as cidades-sede, tem recebido investimentos em diversas áreas (infraestrutura, requalificação de espaços urbanos, mobilidade, segurança, capacitação de mão de obra, saúde, equipamentos públicos, cultura, turismo), o que tem dinamizado a sua economia, através da geração de emprego e renda para os mais variados setores, trazendo benefícios para toda a população. Tudo isso vem gerando oportunidades que impulsionam o desenvolvimento da cidade e elas estão acontecendo justamente por conta da realização dos jogos. Uma vez bem sucedidos, Salvador poderá se posicionar cada vez mais como uma cidade apta a receber novos eventos em inúmeras áreas”, sinaliza e acrescenta: “Salvador está cumprindo rigorosamente o que determina a Lei Geral da Copa (Lei Federal nº. 12.663/12), no sentido de garantir a realização de todas as atividades previstas com pleno êxito. Assim, estamos trabalhando intensamente para que a capital baiana se torne uma cidade cada vez melhor e seja ainda mais desfrutada por todos os soteropolitanos”. 
Fonte: Tribuna da Bahia

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Alemães premiam plano contra remoção por causa das Olímpiadas no Rio

Deutsche Bank destaca projeto dos moradores da Vila Autódromo, na Zona Oeste da cidade, como exemplo de cooperação entre várias entidades. Apesar da iniciativa, retirada de casas pela prefeitura deve acontecer.

"É uma derrota ao projeto olímpico elitista do governo do Rio de Janeiro", afirma o urbanista Carlos Vainer sobre a conquista do prêmio Deutsche Bank Urban Age Award de 2013, pelo Plano Popular Vila Autódromo. O projeto, que Vainer ajudou a coordenar, prevê a urbanização e o reassentamento da comunidade dentro da mesma área que ocupam atualmente, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O estudo desenvolvido pelos próprios moradores surgiu com o intuito de servir como alternativa a uma polêmica proposta da prefeitura do Rio, que pretende retirar mais da metade das quase 600 famílias de baixa renda que vivem no local, próximo ao nobre bairro da Barra da Tijuca. Os moradores deverão ser transferidos para apartamentos construídos pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
Segundo o júri, que escolheu o vencedor em meio a outros 170 projetos no Rio de Janeiro, o Plano Popular "é um exemplo de parceria" entre diferentes entidades e mostra "como uma comunidade pode ser adaptada para melhorar os padrões de vida de todos os moradores". Pelo trabalho desenvolvido, a Associação de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo (Ampava) recebeu na última terça-feira (03/12) 80 mil dólares – dinheiro que os moradores esperam poder aplicar no plano que criaram.
Prefeitura insiste
Aninstia Internacional lançou campanha "Basta de remoções forçadas", para chamar a atenção para o problema
No que depender da prefeitura no Rio, no entanto, esse recurso precisará ter outra destinação. As autoridades insistem em um projeto de expansão viária e na construção do acesso ao futuro parque olímpico exatamente no local. A prefeitura alega ainda que uma faixa de 25 metros em torno de uma lagoa precisa ser desocupada.
Apresentado para a prefeitura no ano passado, o Plano Popular chegou a ser considerado "mais adequado" do que o projeto oficial em avaliação do Grupo de Trabalho Acadêmico Profissional Multidisciplinar – formado por entidades civis – em agosto passado por considerar a implantação de infraestrutura básica, urbanização e por manter a coesão social. Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que apoia os moradores, Vainer ressalta ainda que a proposta sairia 25% mais barata aos cofres públicos.
Para descartar o Plano Popular, a prefeitura reafirma que a proposta leva em consideração apenas questões ambientais – sem resolver o problema das obras que atenderão aos Jogos Olímpicos, que deverão passar por áreas ocupadas atualmente por moradores.
As remoções devem começar a partir de fevereiro. A prefeitura garante que, das 278 famílias que precisam ser retiradas, apenas 30 ainda não concordaram com a transferência para o Parque Carioca. E, entre as que não receberam o ultimato do governo, 130 teriam procurado as autoridades voluntariamente em busca de um apartamento na nova área ou mesmo pedindo indenização para deixarem sua casa.
Remoções
Vainer acredita a conquista do prêmio concedido pelo banco alemão poderá dar um novo impulso ao movimento contrário à remoção dos moradores. "Chegamos a um limite", diz o pedreiro Altair Guimarães, presidente da Associação de Moradores e Pescadores e Pescadores da Vila Autódromo (AMPVA). O prefeito quer fazer uma limpeza social aqui", acusa.
Guimarães conta orgulhoso que a comunidade era um modelo de resistência para a população de localidades sob risco de remoção. A luta pela legalização dos terrenos onde vivem era antiga, ele lembra, já durava mais de 20 anos.
Carlos Vainer ressalta ainda que a área para onde a comunidade está sendo levada oferecerá uma série de dificuldades a seus futuros moradores. "Lá não tem infraestrutura de escola, de postos de saúde, a de transporte é pior do que a do local onde eles vivem atualmente, afastando-os de seus locais de trabalho", avalia. "Haverá uma grande degradação das condições de vida."
Obras da Copa e das Olimpíadas têm impactos sociais no país
Guimarães, morador há 17 anos da vila, afirma que parte dos moradores já se mostra arrependida de ter concordado em sair. Alguns chegaram a alegar não ter compreendido bem que, consultados pela prefeitura, deram sua anuência pela remoção. Um abaixo-assinado recolhido pela associação já conta com 270 assinaturas de moradores da Vila Autódromo que afirmam querer permanecer em suas casas.
"A estratégia da prefeitura neste caso vem sendo convencer os moradores de que eles precisam sair, e ainda invertendo a ordem das coisas, pois, de acordo com o papel que eles assinaram, é como se eles mesmos estivessem se propondo a deixar a Vila Autódromo", explica a defensora pública Maria Lúcia de Pontes, do Núcleo de Terras e Habitação da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com Maria Lúcia, que vem acompanhando a situação junto à Ampava, a retirada dos moradores só é definida por lei no caso da desocupação da faixa de proteção da lagoa. Ela diz que não haveria motivo para ninguém sair por enquanto.
Carlos Vainer critica o que chama de "enorme intransigência" da prefeitura, a qual ele acusa de exercer uma pressão ilegal sobre a comunidade. "Os últimos meses de negociações se mostraram uma farsa", acusa o urbanista. Ele diz que o governo chegou a ceder parte do espaço que precisaria para alargar as avenidas para a construção de calçadas e jardins de bairros nobres próximas – e agora quer compensar esse trecho retirando casas no bairro de classe baixa.
Fonte: DW

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ronaldo defende 'jeitinho brasileiro' na organização para Copa do Mundo


Ex-jogador e membro do COL diz que 'gringos' não estão acostumados com forma brasileira de trabalhar, e garante estádios para a competição.

A preocupação com o atraso nas obras de alguns dos estádios que receberão a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, é grande, mas não para aqueles responsáveis pela organização da competição. Membro do Comitê Organizador Local (COL), o ex-jogador Ronaldo defendeu o “jeitinho brasileiro” característico por aqui e disse que, apesar disso, nada colocará em risco a realização da Copa do Mundo (assista ao vídeo).
- O gringo, no geral, não conhece o nosso “jeitinho brasileiro” de ser e fazer as coisas. É muito característico isso no brasileiro, de fazer as coisas no último momento e começar uma correria, mas a gente tem todas as garantias de que todos os estádios estarão prontos para a Copa - disse Ronaldo, ao SporTV.
Ronaldo entrevista sorteio Copa do Mundo (Foto: Getty Images)Ronaldo diz que correria faz parte do jeito brasileiro
de trabalhar (Foto: Getty Images)
O apresentador do “SporTV News” Marcelo Barreto lamentou que os organizadores não tenham aproveitado a Copa do Mundo para deixar boas impressões nos estrangeiros, lembrando que, agora, já é tarde demais para que isso aconteça.
- Sobre a frase do Ronaldo: a Copa seria uma oportunidade de mostrar para o mundo que a gente sabe fazer as coisas sem jeitinho brasileiro também. "Seria", já não vai ser mais.
Outra declaração que chamou a atenção nesta quarta-feira, na Costa do Sauípe, no litoral norte da Bahia, onde na sexta-feira acontecerá o sorteio final da Copa do Mundo, foi dada pelo ministro do Esporte Aldo Rebelo. Ele comparou a lentidão nas obras ao tradicional atraso de uma noiva.
Copa seria uma oportunidade de mostrar ao mundo que a gente sabe fazer as coisas sem jeitinho"
Marcelo Barreto, jornalista do SporTV
- No Brasil temos um instituição muito tradicional, que é o casamento. Nunca fui a um casamento em que a noiva chegasse na hora, mas nunca vi um casamento deixar de acontecer por causa disso. Não há nada que comprometa a realização da Copa. Nós queremos que os estádios sejam entregues o quanto antes possível porque as arenas precisam passar pelos eventos testes.
Marcelo Barreto disse ter havido um equívoco no momento da comparação entre uma cerimônia de casamento e a realização de uma Copa do Mundo.
- Estádio não é a noiva ministro, estádio seria a igreja, e a igreja tem que estar pronta na hora do casamento - concluiu.
O sorteio final para a Copa do Mundo de 2014 acontece nesta sexta-feira, a partir de 14h, com cobertura ao vivo do SporTV.

Fifa libera R$ 47 milhões para melhorar sua imagem no Brasil


Um dos principais alvos dos protestos previstos para o período da Copa, a Fifa decidiu abrir os cofres para tentar melhorar a sua imagem no país.
Na quinta-feira o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, anunciou a liberação de US$ 20 milhões (R$ 47 milhões) para um "fundo de legado para o futebol brasileiro".
Com a previsão de captar US$ 100 milhões (R$ 235 milhões) até o final do torneio, o programa pretende financiar dezenas de projetos sociais. As 12 cidades-sede serão as principais beneficiadas.
Inicialmente, o fundo seria lançado somente após o Mundial, mas a Fifa decidiu antecipar o programa após ter a imagem abalada no país na Copa das Confederações, quando os protestos foram direcionados também à entidade devido ao alto custo do torneio principal.
Juca Varella/Folhapress
Blatter e Valcke (dir.) durante entrevista na Costa do Sauipe na véspera do sorteio da Copa do Mundo
Blatter e Valcke (dir.) durante entrevista na Costa do Sauipe na véspera do sorteio da Copa do Mundo
Concebido para ser gerido em conjunto com a CBF, a entidade acredita que as ações sociais no país serão uma forma de mostrar publicamente para a população que o Mundial também deixará legado e não somente gastos.
No mês passado, o Ministério do Esporte anunciou que R$ 22,5 bilhões serão gastos em investimentos para a Copa.
A Fifa já negocia com entidades brasileiras. Em janeiro, Valcke vai anunciar os primeiros projetos beneficiados.
"Serão programas de jovens iniciantes no futebol, e também na área da educação, mas somente em janeiro teremos mais detalhes. O importante é que vamos nos antecipar e parte do dinheiro já foi depositada no fundo antes do início da Copa", afirmou o secretário-geral.
O Mundial do Brasil será o mais lucrativo da história da Fifa --vai render R$ 4,1 bilhões à entidade.

Fonte: FolhaSP

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Estádios de Curitiba e Manaus desistem de projetos por prazo da Copa

Manaus não terá na Copa do Mundo de 2014 o estádio mais sustentável do país. Curitiba também não receberá seus jogos em uma arena com cobertura retrátil. Ambas as cidades não conseguiram cumprir seu cronograma original de obras para o Mundial do ano que vem e tiveram que desistir de seus projetos ambiciosos para tentar concluir seus estádios dentro do prazo estabelecido pela Fifa, que acaba dia 31 de dezembro.
As duas sedes da Copa estão entre as seis que ainda não terminaram as obras de suas arenas para o evento. São Paulo, Natal, Porto Alegre e Cuiabá completam essa lista. A capital do Paraná e do Amazonas, no entanto, foram as únicas que já oficializaram que não conseguirão concluir tudo o que haviam prometido até o início Mundial. Esse fato não afeta a participação das duas no torneio da Fifa.
Curitiba foi a primeira a abandonar seu projeto original de estádio. Em agosto, membros da Fifa acordaram com representantes do Atlético-PR que a ideia de instalar uma cobertura retrátil na Arena da Baixada precisava ser adiada.

A arena pertence ao Atlético-PR, mas sua reforma está sendo bancada com a ajuda de recursos públicos. Inicialmente, a obra no estádio o tornaria o primeiro do país a ter um telhado que abre e fecha conforme as condições climáticas, já em meados de 2014. Devido a atrasos, o projeto da cobertura será retomado só após o torneio.
"Fizemos um pedido para a cidade e o clube de adiar a cobertura retrátil para que o estádio esteja pronto para a Copa", disse o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, após a reunião que selou o adiamento da ideia.
Meses depois da Arena da Baixada, foi a vez da Arena da Amazônia também desistir de seu projeto de sustentabilidade. Em outubro, o governo do Estado admitiu que não haverá tempo suficiente para que um sistema para geração de energia solar no estádio esteja pronto para o Mundial de 2014.
O projeto da usina tinha sido feito com ajuda do banco KFW (banco de desenvolvimento do governo alemão para países emergentes). A estatal Eletrobras chegou a se reunir com secretários de governo para ajudar na instalação de painéis de captação de energia dos raios do Sol no estádio. Tudo isso, porém, só deve ser feito após a Copa.
Fonte: Pedro Ivo Almeida e Vinicius Konchinski, Do UOL, em Curitiba e no Rio de Janeiro

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Fifa é a 2ª pior corporação do mundo por denúncias de violações aos direitos humanos


Jornal GGN -  As remoções forçadas e os deslocamentos causados pela busca de moradia, assim como a repressão a protestos contrários à realização da Copa do Mundo no Brasil, que ocorrerá no próximo ano, inseriram a Fifa (Federação Internacional de Futebol Associado), na lista das corporações que mais interferem na manutenção dos direitos humanos. Pelo ranking do observatório internacional The Public Eye Awards, que irá "premiar" a pior organização por meio de votação popular e um júri especializado, a fundação esportiva é a vice-campeã da lista  - a líder é a russa Gazprom, considerada a maior exportadora de gás natural do mundo.
 
De acordo com a organização, os moradores vizinhos às construções dos estádios criados ou reformados para sediar os jogos foram obrigados a sair de suas casas sem uma alternativa vantajosa.
 
"Em Recife, só em 2013, mais de 2.000 famílias da Comunidade Coque foram forçadas a sair de suas casas. Além disso, a criação de zonas de exclusividade da Fifa vai obrigar inúmeros vendedores ambulantes fora do negócio. Em Belo Horizonte, mais de 130 perderam sua fonte de renda durante a reconstrução de um estádio, e agora estão proibidos de vender na vizinhança".
 
Também não há interesse da Fifa, segundo o observatório, em promover o comércio local e nem o desenvolvimento das pequenas empresas familiares que, durante o evento esportivo, poderiam se beneficiar do mercado emergente.
 
"Fifa mantém zonas de exclusão com um raio de 2 km em torno dos estádios, onde eles controlam o movimento de pessoas e na venda de produtos, colocando inúmeros vendedores ambulantes fora do negócio. Os pobres estão arcando com o ônus da carga e são recebidos com repressão feroz quando tentam lutar por seus direitos".
 
Mais informações podem ser obtidas, em inglês, neste site.

Fonte: Luis Nassif Online

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Estádio da Copa em Cuiabá pega fogo


A Arena Pantanal, em Cuiabá, umas das sedes da Copa do Mundo 2014, foi atingida por um incêndio na tarde desta sexta-feira. De acordo com a Secopa (Secretaria Extraordinária da Copa), placas com isopor armazenadas no subsolo do estádio em construção pegaram fogo.

O acidente aconteceu por volta das 15h, com o fogo atingindo a área interna do local. O Corpo de Bombeiros, então, foi acionado, e quatro caminhões se dirigiram à Arena, conseguindo controlar as chamas - ninguém ficou ferido.
A expectativa, agora, é saber de que maneira este acidente impactará as obras. A Arena Pantanal, que terá capacidade para 43 mil espectadores e receberá quatro partidas da Copa do Mundo, tem entrega oficial prevista para dezembro, mas a obra está atrasada e corre sério risc 
  
Causa do incêndio
Peritos da Politec já estão no local, a fim de tentar identificar o que deu início ao incêndio. O laudo deve ficar pronto em 30 dias. 
"Não sabemos se foi acidental ou criminal, porque não há nenhum indício no local", disse o coronel. 
Sem prejuízos
O secretário Extraordinário da Copa do Mundo, Maurício Guimarães, assegurou que o incêndio não compromete o cronograma de execução da obra ou a estrutura física do estádio.
Segundo ele, o fogo atingiu apenas uma parte da fiação no local, que será reposta. 
 “O fogo atingiu placas de isopor para cobertura isolante do estádio e as causas do incêndio estão sendo investigadas pela perícia e Polícia Civil”, afirmou.
  
Guimarães negou, ainda, que o fogo tenha sido combatido, inicialmente, por operários que trabalhavam no estádio.
 Segundo ele, há uma brigada de incêndio a postos na obra, que teria dado apoio no momento em que as chamas surgiram, até a chegada do Corpo de Bombeiros.
  
Como o incêndio foi de uma proporção maior, foi necessária a presença do Corpo de Bombeiros, que chegou a tempo e impediou danos maiores”, afirmou.
  
Funcionários da Arena Pantanal estavam fora do perímetro do incêndio e as equipes do período noturno vão trabalhar normalmente, segundo Guimarães;
 Segundo a Secopa, qualquer necessidade de reposição do material deverá ser arcado pela construtora Mendes Júnior, responsável pela obra, sem que sejam feitos aditivos no contrato, hoje fixado em R$ 420 milhões.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Queda de parte da cobertura do Itaquerão causa mortes de operários

ITAQUERAO


A última peça da cobertura que estava sendo instalada no Itaquerão desabou de um guindaste por volta do meio-dia desta quarta-feira, destruiu parte da arquibancada do futuro estádio do Corinthians e deixou mortos.
A Odebrecht, construtora responsável pela obra, confirma a morte de ao menos dois operários. O Corpo de Bombeiros fala em três vítimas. Funcionários dizem que são quatro mortos.
Em entrevista para a TV Record, Mauro Lopes, major da Polícia Militar, disse que o acidente causou a morte de três pessoas.
O ex-presidente corintiano e responsável pelas obras da arena, Andres Sanchez, está no local.
O novo estádio do Corinthians estava previsto para ser entregue em dezembro deste ano. Ele foi escolhido para sediar a abertura do Copa do Mundo de 2014.
A peça estava sendo instalada por um guindaste, no setor leste, e tem cerca de 15 metros.
No último dia 13 de novembro, a Odebrecht anunciou que 94% das obras da arena estavam concluídas.
De acordo com a construtora, a cobertura do setor leste já estava quase pronta, restando apenas os serviços de aplicação do forro.
Por meio de uma nota em seu site, a diretoria do Corinthians diz “lamentar profundamente o acidente”.

sábado, 6 de julho de 2013

ONU acusa Brasil de desalojar pessoas à força por conta da Copa e Olimpíadas

  • Raquel Rolnik, relatora especial da ONU, solicitou ao Governo que adote planos para garantir legados
    Raquel Rolnik, relatora especial da ONU, solicitou ao Governo que adote planos para garantir legados

A relatora especial da ONU para a Moradia Adequada, Raquel Rolnik, acusou nesta terça-feira as autoridades de várias cidades-sede da Copa do Mundo e do Rio de Janeiro, que receberá as Olimpíadas, de praticar desalojamentos e deslocamentos forçados que poderiam constituir violações dos direitos humanos.

"Estou particularmente preocupada com o que parece ser um padrão de atuação, de falta de transparência e de consulta, de falta de diálogo, de falta de negociação justa e de participação das comunidades afetadas em processos de desalojamentos executados ou planejados em conexão com a Copa e os Jogos Olímpicos", avaliou.

Raquel destacou que os casos denunciados se produziram em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Recife, Natal e Fortaleza.

A relatora explicou que já foram feitos múltiplos despejos de inquilinos sem que se tenha dado às famílias tempo para propor e discutir alternativas.
"Foi dada insuficiente atenção ao acesso às infraestruturas, serviços e meios de subsistência nos lugares onde essas pessoas foram realojadas", afirmou Raquel.
"Também estou muito preocupada com a pouca compensação oferecida às comunidades afetadas, o que é ainda mais grave dado o aumento do valor dos terrenos nos lugares onde se construirá para estes eventos", acrescentou a relatora.

Raquel citou vários exemplos, como o de São Paulo, onde "milhares de famílias já foram evacuadas por conta do projeto conhecido como 'Água Espraiada', onde outras dez mil estão enfrentando o mesmo destino".

"Com a atual falta de diálogo, negociação e participação genuína na elaboração e implementação dos projetos para a Copa e as Olimpíadas, as autoridades de todos os níveis deveriam parar os desalojamentos planejados até que o diálogo e a negociação possam ser assegurados".

Além disso, a relatora solicitou ao Governo Federal que adote um "Plano de Legado" para garantir que os eventos esportivos tenham um impacto social e ambiental positivo e que sejam evitadas as violações dos direitos humanos, incluindo o direito a um alojamento digno.

"Isto é um requerimento fundamental para garantir que estes dois megaeventos promovam o respeito pelos direitos humanos e deixem um legado positivo no Brasil", finalizou.
Da EFE em Genebra

domingo, 30 de junho de 2013

Fotógrafo fala sobre imagem impactante que se espalhou pelas redes sociais

Uma foto tirada momentos antes da partida entre Brasil e México, em Fortaleza, tem sido compartilhada por milhares de usuários de redes sociais. A imagem foi registrada pelo fotógrafo Edimar Soares, do jornal O Povo, no entorno da Arena Castelão e retrata claramente o abismo social existente no Brasil.
Enquanto torcedores caminhavam animados para a partida, uma jovem procurava comida em uma lixeira na entrada do estádio. Sem pensar duas vezes, o fotógrafo registrou a cena impactante.
“Esse é o legado que a Copa das Confederações deixa para algumas pessoas, uma cena humilhante”, escreveu Edimar em seu perfil no Facebook.
Fortaleza
Foto: Edimar Soares/O Povo

quinta-feira, 27 de junho de 2013

“Obrigado, Brasil!”, diz jornal alemão depois de manifestações contra a Fifa

Protestos nas cidades-sede colocam em xeque maneira como torneios são organizados

Ação brasileira foi alvo de elogios em jornal da AlemanhaGetty Images
As dezenas de manifestações registradas em várias partes do Brasil estão voltadas a problemas crônicos do País, como saúde, educação, transporte e corrupção. Entretanto, em tempos de Copa das Confederações e a um ano da Copa do Mundo, os protestos também foram direcionados para a Fifa. Tal fato rendeu uma reflexão acerca de como tais eventos são organizados. O jornal alemão Zeit foi além e agradeceu aos brasileiros.
— As principais federações desportivas terão de repensar as suas condutas. Isso será bom para todos, incluindo atletas e competições, os quais antes só ficaram às margens nesses grandes eventos. Por isso: obrigado, Brasil!
A publicação germânica aponta que os brasileiros estão fazendo algo que os próprios alemães, em 2006, e os sul-africanos, quatro anos depois, deveriam ter feito: questionar os procedimentos da Fifa quanto à realização de um evento como a Copa do Mundo. De acordo com o Zeit, “finalmente uma democracia se levanta contra a Fifa, uma entidade antidemocrática”.
— Os protestos (no Brasil) não só atestam a maturidade democrática de um País que foi governado por generais por 30 anos. Eles estabelecem que até mesmo os gigantes do esporte (futebol) deram um sinal de parada: (vamos) até este ponto, e não mais.
O jornal relembra as recusas de Viena e Graubünden, na Suíça, em receberem edições dos Jogos Olímpicos. Pelos valores envolvidos, a população de ambas as cidades recusaram sediar o evento. Indo de encontro ao que o secretário-geral da Fifa, Jêróme Valcke, disse recentemente (“menos democracia, às vezes, é melhor para organizar uma Copa”), um estudo dinamarquês de 2011 apontou, segundo o Zeit, que grandes eventos esportivos tendem a encontrar cada vez mais resistência em democracias. Não por acaso, China, Rússia e Qatar ganharam grandes eventos do esporte nos últimos anos.
— O Brasil podia ser visto como uma exceção nesse cenário. As consequências podem ser vistas agora. A Fifa e o COI agora vão se fazer perguntas, diante das imagens das ruas (...). Os eventos precisam ser humildes, individuais e transparentes – complementa o jornal alemão.
A sugestão da publicação é exatamente o oposto do que pratica a Fifa e o COI, com o que o Zeit chama de “gigantismo”. A maneira com que o governo brasileiro aceitou todas as exigências sem pensar duas vezes serviu como combustível para a revolta popular, associada aos problemas sociais do Brasil.
— Os contratos restritivos (da Fifa), no valor de bilhões, preveem um completo alívio fiscal, além de prever a exclusividade para patrocinadores bilionários, além de demandas ainda maiores para estádios, hotéis e aeroportos – conclui o jornal.
Fonte: R7

terça-feira, 18 de junho de 2013

'O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas', diz presidente da Fifa

Ministro do Esporte segue o discurso e fala em endurecer a repressão para evitar mais protestos

Jamil Chade e Leonardo Maia, enviados especiais - Agência Estado - AE
RIO DE JANEIRO - O presidente da Fifa, Joseph Blatter, denuncia o fato de os manifestantes, nas diversas cidades no Brasil, estarem usando o futebol como "plataforma" para seus protestos e alerta que já vem discutindo essa situação com a presidente Dilma Rousseff.
Cartola comparou a situação do Brasil com a da Turquia - Wilton Júnior/Estadão

Em declarações ao Estado e a um meio estrangeiro nesta segunda, no Rio de Janeiro, o cartola ainda comparou a situação vivida pela Fifa no Brasil ao que ocorre na Turquia, onde manifestantes estão causando um terremoto político em Istambul e gerando tensões na região. Na Turquia, a Fifa realizará o Mundial Sub-20 em poucos dias. "Temos visto isso também na Turquia e temos toda a confiança nas autoridades", afirmou, após participar de um congresso no Copacabana Palace sobre o papel das finanças e o futebol.
"O futebol existe aqui para unir as pessoas. Isso está claro e conheço um pouco das manifestações que estão ocorrendo", disse Blatter. "Acho que as pessoas estão usando a plataforma do futebol e a presença da imprensa internacional para deixar claro certos protestos", declarou.
Depois de dois dias de protestos, o Rio de Janeiro deve registrar a maior manifestação na tarde desta segunda-feira. Blatter, porém, rejeita a tese de que o movimento vai crescer. "Vocês verão que hoje é o terceiro dia de competição e isso irá se acalmar", insistiu. "Será uma grande competição", disse Blatter.
"O futebol é mais forte que a insatisfação das pessoas. Eu disse a Dilma e Aldo (Rebelo) que temos confiança neles. Uma vez que a bola rolar, as pessoas vão entender e isso vai acabar", afirmou.
REPRESSÃO AOS ATOS
O próprio ministro do Esporte, Aldo Rebelo, foi contundente ao dizer que o governo federal fará de tudo para evitar que os protestos que se espalham pelas capitais brasileiras afetem a realização da Copa das Confederações e os demais grandes eventos. Se necessário, a repressão será com força.
"Quem achar que pode tentar impedir (a realização dos jogos) enfrentará a determinação", bradou Rebelo. "O governo assumiu como responsabilidade e honra acolher esses dois eventos internacionais e vai realizá-los oferecendo segurança e integridade aos torcedores e turistas."
Para o ministro, a ação da polícia tem sido dentro dos limites necessários para evitar transtornos para a organização da Copa das Confederações e que tais medidas continuarão a ser utilizadas. "As forças de segurança têm garantido a realização desses eventos, permitindo as manifestações mas contendo de forma a não atrapalhar os jogos", disse Rebelo.
Um jornalista do veículo que organiza um congresso sobre negócios e futebol no Rio abordou o ministro sobre a importância de a Copa do Mundo deixar um legado concreto para o Brasil e a população. Rebelo preferiu comemorar o lado lúdico da questão.
"O maior legado que a Copa deixará é a alegria do povo brasileiro em acolher uma competição como essa", discursou o político, para em seguida destacar a geração de empregos que a construção de estádios, hotéis e reformas de aeroportos proporcionaram.
O ministro também comentou sobre o atraso nas obras de infraestrutura prometida para a Copa de 2014. Ao receber a pergunta sobre o tema, Rebelo arregalou os olhos e encheu os pulmões de ar, preparando-se para a resposta. Saiu-se assim: "Todas as obras que constam da matriz de responsabilidade serão concluídas dentro do prazo. As que não forem concluídas serão retiradas da matriz", disse Rebelo, arrancando risos. E completou: "Vão (imprensa) dizer que as obras não vão ficar prontas e nós (governo) vamos dizer que vão. Eu sou o burocrata que tem que dizer isso."

sábado, 15 de junho de 2013

Tudo pronto com os estádios, só falta um país ao redor.



Manifestações estão proibidas nos 853 municípios mineiros durante a Copa das Confederações

Carlos Eduardo Cherem
Do UOL, em Belo Horizonte
O TJ-MG (Tribunal de Justiça de Minas Gerais) decidiu na noite desta quinta-feira (13) proibir manifestações públicas em todos os 853 municípios de Minas Gerais nos próximos dias 17 (segunda-feira), 22 (sábado) e 26 (quarta-feira), quando acontecerão jogos da Copa das Confederações em Belo Horizonte.

"A interdição de vias urbanas ou frustração de acesso a eventos já programados viola direitos individuais difusos e coletivos da população da capital mineira, a exemplo de outros movimentos grevistas que adotam estratagemas desarrazoados e desproporcionais, sob pretexto de atrair atenção midiática que, em resumo, deveria acontecer pela própria natureza e importância do serviço público afetado, e não pela frustração do direito de locomoção de toda a coletividade", diz a decisão da corte.
"A proibição se estende a todo e qualquer manifestante que porventura tente impedir o normal trânsito de pessoas e veículos, bem assim o regular funcionamento dos serviços públicos estaduais, apresentação de espetáculos e de demais eventos esportivos e culturais".
As duas categorias estão em greve e realizaram diversas manifestações de rua na capital mineira, nas últimas semanas. Na decisão do TJ-MG, caso a medida seja descumprida, os sindicatos das duas categorias terão de pagar multa diária de R$ 500 mil.A ação foi movida pelo governo estadual, após sindicatos de policiais civis e professores de Minas Gerais terem ameaçado fechar vias de acesso ao Mineirão e realizarem protestos em Belo Horizonte durante a realização da Copa das Confederações.
O Sindpol-MG (Sindicato dos Servidores da Polícia Civil de Minas Gerais ) informou que o departamento jurídico do sindicato prepara um recurso de agravo de instrumento contra a medida. O Sindpol diz que poderá procurar a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, o Ministério Público Estadual, o Conselho Nacional de Justiça e, finalmente, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos.
A reportagem do UOL não localizou representantes do Sind-UTE-MG (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais) para comentar a proibição.

"Vamos fazer isso aqui virar São Paulo"

"Levantemo-nos, já! R$ 2,80 já é um roubo há muito tempo!", informa página no Facebook dos organizadores do evento marcado para este sábado (15) na Savassi, área nobre da capital mineira, para protestar contra o preço da tarifa de ônibus na cidade. As tarifas de ônibus em Belo Horizonte foram reajustadas há seis meses. Em dezembro de 2012, o valor da passagem passou de R$ 2,65 para R$ 2,80.
"O Brasil todo está se organizando e radicalizando a luta pela redução das tarifas, contra o aumento e pelo passe livre! Algumas cidades já conseguiram revogar o aumento e continuam na luta. Belo Horizonte não ficará de fora! Participe da primeira reunião para organizar o movimento e vamos fazer isso aqui virar São Paulo!."

Cerca de 8 mil manifestantes fecham trânsito e descumprem decisão judicial em BH

Polícia Militar acompanha multidão, que descumpre liminar da Justiça proibindo protestos que atrapalhem circulação durante a Copa das Confederações




Manifestantes em Belo Horizonte
Foto: EITAN ABRAMOVICH / AFP

Manifestantes em Belo Horizonte EITAN ABRAMOVICH / AFP
BELO HORIZONTE - Cerca de 8 mil manifestantes realizam neste sábado uma passeata em Belo Horizonte, na capital mineira, e fecharam diversas vias em protesto ao aumento das tarifas de ônibus e aos gastos com a Copa do Mundo. Um evento da Fifa, que transmitia a partida entre Brasil e Japão, em telões, na Praça da Estação, foi alvo dos gritos de ordem de manifestantes.
Acompanhada de perto por 30 policiais do Batalhão de Choque da PM, a manifestação foi pacífica. Não houve confronto com policiais. O comando da polícia disse que vai fazer um boletim de ocorrência a ser encaminhado ao desembargador responsável pela liminar que estabelece prisão e aplicação de multas diárias no valor de R$ 500 mil para os líderes dos protestos. Oito líderes foram identificados pela Polícia Militar. A PM usará ainda filmagens de câmeras de segurança para identificar os manifestantes. Liminar do desembargador Carlos Augusto de Barros Levenhagen, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, havia proibido a manifestação em vias públicas durante a Copa das Confederações.
Com a cara pintada de verde e amarelo, o estudante de 19 anos Pedro Marcatto, do Colérgo Rui Barbosa, ficou sabendo do movimento por um colega da escola.
- Estou aqui para lutar a favor dos meus direitos. Se não fizermos isso hoje, amanhã já era - afirma.
Aluno do Colégio Estadual, Natan Barbosa, 18, reclama do dinheiro que gasta diariamente com ônibus.
- Pego quatro ônibus por dia, cinco vezes por semana, no mínimo, excluindo os fins de semana. Pesa muito no meu bolso.
Luana Máximo, do Colégio Tiradentes, também se queixa do preço da passagem.
- Faço pré-vestibular, uso o ônibus todo o dia e valor da passagem é um absurdo se comparado a precariedade do serviço oferecido. A população precisa sair da inércia - disse.
Estudante de engenharia civil da UFMG, Eduardo Abreu, 22 anos, critica os excessivos gastos com os estádios da Copa do Mundo.
- O Mineirão, por exemplo, falam ter custado R$ 700 milhões. Mas não temos obras de mobilidade urbana. Cadê o metrô, os ônibus de qualidade, os trens, o táxi mais barato? - questiona.
À tarde, manifestantes fecharam uma das vias da Praça da Liberdade, onde fica a antiga sede do governo do estado. Depois de fecharem duas vias da Rua Cristóvão Colombo, na região da Savassi, fazendo com que o trânsito precisasse ser desviado para a Rua Getúlio Vargas, os manifestantes prosseguiram em direção à praça, descumprindo liminar da Justiça. Por volta de 14h35m, os manifestantes já marchavam para o Centro da capital mineira.
Manifestantes fecharam ainda a Praça Sete e foram para a Praça da Estação. No local, pessoas assistiam o jogo do Brasil em telões. Vaias foram destinadas ao evento.
Logo em seguida, os manifestantes deixaram a Praça da Estação e foram até a rodoviária. Um viaduto que dá acesso ao Centro foi fechado. Durante o percurso, a principal via da cidade, a Avenida Afonso Pena, também foi temporariamente fechada. O movimento promete mais protestos para a segunda-feira.
Um dos porta-vozes do movimento diz que não há liderança no ato, que se trata de um movimento de estudantes. Logo, diz ele, a liminar não se aplica à manifestação. Dela, participam grupos como o Comitê Popular dos Atingidos pela Copa e o Fora Lacerda (em referência ao prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda). Há ainda integrantes de PSTU, PSOL e estudantes, em geral.
Segundo os manifestantes, as insatisfações se dão pela reajuste da tarifa do ônibus, que hoje custa R$ 2,80 (no fim do ano passado, o valor era R$ 2,65). Os manifestantes querem o retorno ao valor anterior e alegam que já há previsão de aumento, em acordo estabelecido entre empresários e prefeitura, para o fim do ano. Eles também protestam contra os altos investimentos para a Copa do Mundo, em estádios e obras, em detrimento de saúde e educação.
- Cansei de ficar em casa sem fazer nada. A questão do ônibus é um ponto, é apenas o lema. Os governantes precisam olhar e melhorar saúde e educação - afirma o estudante Luiz Gustavo, de 17 anos.