sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Andrew Jenning: " A Máfia é amadora comparada à Fifa."



Há 13 anos o jornalista escocês Andrew Jennings comprou uma guerra com a mais poderosa instituição esportiva do mundo, a Federação Internacional de Futebol (Fifa). Em 1998, ele começou a investigar as relações entre empresas e dirigentes da Fifa. Descobriu eleições compradas, manipulação de resultados de jogos e negociatas para a escolha de países-sede da Copa do Mundo. Reuniu tudo em um livro, recém-lançado no Brasil: Jogo Sujo, o mundo secreto da Fifa. “São negócios que fariam corar a máfia italiana”, afirma Jennings. 
ÉPOCA – O que há de errado com a Fifa?
Andrew Jennings – A Fifa está roubando a paixão das pessoas. O futebol é uma paixão, e a paixão cega. Esses crápulas que dirigem a Fifa enriquecem às custas do dinheiro da paixão. Todo o sistema das grandes confederações do esporte está contaminado. A corrupção está lá. Blatter vende a imagem de ser um amante do futebol, um homem que dorme e acorda pensando em como melhorar e desenvolver o esporte. Mas ele é um parasita. Um sanguessuga grudado na jugular do futebol. Um homem de negócio que usa o esporte para se autopromover e ganhar dinheiro. O melhor que ele poderia fazer pelo futebol é deixá-lo, ir embora.

ÉPOCA – De que modo eles agem nos bastidores?
Jennings – A Fifa dá, no mínimo, US$ 250 mil por ano para cada país investir em futebol. Na Europa esse dinheiro é irrelevante. Mas pense no Congo. Mauritânia. Tailândia. Esse dinheiro nunca é auditado. Por mais de 30 anos eu investiguei máfias, corrupção policial, corrupção política e crime organizado. Eles são amadores comparados com o que se faz na Fifa. Os líderes da Cosa Nostra enrubesceriam se soubessem das negociatas que rolam em Zurique.

ÉPOCA – É assim que esse poder é mantido?
Jennings – Blatter diz que é eleito de maneira democrática. Não há nada que mereça ser chamado de democracia na Fifa. Em uma democracia existe discordância, oposição. Na Fifa, não. Aquilo que elege Blatter e Havelange é um congresso de federações que, por ironia, eles chamam de parlamento. São mais de 600 delegados, 2 ou 3 por país, com 208 países. É intrigante ver como, em votações, todos concordam com tudo que Blatter propõe ali. O que vemos no parlamento da Fifa são os pequenos ratos agradecendo ao rato-chefe pelo estilo de vida de magnatas que levam.

ÉPOCA – O senhor pode provar as acusações?
Jennings – Quando digo que eles são canalhas não se trata da minha opinião – apesar de demonstrar o que sinto por essas pessoas. Eu não falo nada sobre ninguém antes de uma profunda pesquisa: meses reunindo provas, documentos e entrevistas que comprovem o que digo. Meu livro é baseado em dez anos de investigação sobre a Fifa e apresenta uma série de documentos: as relações escusas entre os dirigentes da Fifa e empresas patrocinadoras e de marketing, a conivência com a venda de ingressos para cambistas, a cooptação de novas federações pelo mundo, as propinas para sediar a Copa.

ÉPOCA – A escolha do país que vai sediar a Copa é isenta?
Jennings – Não. Posso dar o exemplo da Copa de 2006. A candidata Alemanha tinha tradição no futebol, mas não contava com votos importantes de países da África. Até que um magnata da TV alemã, Leo Kirch, entrou no jogo. Ele tem várias estações de TV esportiva, e ganharia uma fortuna com contratos de direito de transmissão da Copa em seu país. Ele então vendeu contratos com Tailândia, Trindade e Tobago e alguns países africanos para transmissão de jogos do Bayern de Munique contra a seleção de Malta. Se você está na Tailândia, quer ver o Bayern jogar contra Malta ou contra o Machester United e o Real Madrid? O dinheiro foi para as federações que, assim, votaram na Alemanha.

ÉPOCA – No caso do Brasil também houve manipulação para sediar a Copa do Mundo de 2014?
Jennings – Vamos dar um passo atrás. Blatter tinha de retribuir a Ricardo Teixeira o apoio para sua eleição. Que tal uma Copa do Mundo para você ganhar um bom dinheiro? Perfeito! Vamos dar um nome para isso: rotação de países-sede. Vamos dizer que cada continente terá a sua vez de sediar uma Copa. Ninguém na América do Sul, além do Brasil, teria condições de organizar uma Copa. Isso foi uma artimanha política. Se você prestar atenção nos contratos, uma empresa de Ricardo Teixeira vai ter participação no lucro gerado pela Copa para a CBF. O Brasil como sede de 2014 foi menos uma questão de propina, e mais uma questão de interesses políticos. Triste é ver o povo na praia de Copacabana comemorar o resultado da escolha, sem saber o que está de fato acontecendo.

ÉPOCA – E no caso da Rússia e do Catar, sedes das Copas de 2018 e 2022?
Jennings – Não tenho dúvida de que eles pagaram propinas. Uma hora encontraremos a prova. Catar? A Fifa está falando sério? A população mundial sabe que é impossível organizar uma Copa no Catar, no verão. E no inverno europeu há uma tradição de jogos de futebol. Nunca os clubes, as televisões e as federações vão permitir que o futebol pare no inverno. Você imagina os donos de times de futebol dizendo: “Ei, pessoal, não haverá dinheiro da TV e patrocínio durante um mês por causa da Copa, OK?”. Já a Rússia, apesar da tradição no futebol, fez um jogo sujo contra seus adversários. Tenho uma foto de Blatter fazendo um brinde a Alimzhan ‘Alik’ Tokhtakhounov, um conhecido mafioso russo, em 2006. Foi ele que manipulou e pagou propina aos jurados nas Olimpíadas de Inverno de 2002, em Salt Lake, para que os russos ganhassem o ouro em patinação artística. Blatter, Havelange e muitos outros da Fifa são parte do Comitê Olímpico Internacional. Esse tipo de assédio fez a Rússia ser eleita para a Copa de 2018.

ÉPOCA – Como o jogo político dos bastidores afeta as partidas de futebol?
Jennings – Na Copa do Mundo de 2002, a Espanha e a Itália foram roubadas de modo grotesco, por dois árbitros diferentes. O resultado favoreceu quem? A Coreia do Sul, um dos países-sede. Na Coreia, o beisebol é mais popular do que o futebol. Se o time nacional fosse desclassificado, os estádios ficariam vazios. A Coreia chegou às semifinais. Como todos estão de olho nos atletas, é mais fácil corromper um árbitro. É a figura que mais comete erros cruciais durante uma partida.

ÉPOCA – Como você avalia as exigências da Fifa ao país que vai sediar a Copa?
Jennings – Essas exigências são para facilitar a corrupção. Na África do Sul construíram cinco estádios, muitos deles em cidades que dão mais atenção ao rúgbi que ao futebol. Políticos liberam incentivos fiscais e facilitam licitações para atender as demandas da Fifa. Todos lucram com isso, menos o povo. Os britânicos tentaram sediar a Copa de 2018, mas não aceitaram pagar propina. Acabaram perdendo para a Rússia.

ÉPOCA – Por que a Fifa não é investigada e os responsáveis presos, se essas irregularidades são tão óbvias?
Jennings – Por que você acha que a sede da Fifa é em Zurique? Coincidência? Apelo geográfico? Na Suíça, a propina comercial não era ilegal até há poucos anos, apenas o suborno de oficiais do governo. A ISL só foi responsabilizada pelo fato de gerenciar mal seus negócios enquanto devia para outras empresas.

ÉPOCA – O senhor torce para algum time? Consegue gostar de futebol mesmo sabendo de tudo isso? 
Jennings – Sim. Adoro futebol. Mas não torço por nenhum dos grandes clubes. Simpatizo com um time que você nunca ouviu falar: o Leyton Orient. Há décadas chamava-se Clapton Orient. É um clube do leste de Londres, onde meu avô jogou. Não gosto de torcer por clubes porque tenho apreço pelo esporte, pelo lado atlético do esporte. Não importa se é futebol ou rugby: o importante é que seja feito com honestidade.

Fonte: Época

FIFA é indicada ao prêmio de pior empresa do mundo em 2014




A menos de um ano da Copa do Mundo no Brasil, a FIFA, entidade máxima do futebol, foi indicada a um prêmio um tanto inglório: a pior empresa do mundo. O anúncio foi feito pelos organizadores do Public Eye Awards, conhecido como o “Nobel” da vergonha corporativa mundial, que já abriu votação pela internet para eleger o ‘vencedor’. O resultado será anunciado em janeiro de 2014.
Criado em 2000, o Public Eye Awards é concedido anualmente no Fórum Econômico Mundial, na cidade suíça de Davos, sempre em janeiro. A corporação ‘vencedora’ é escolhida por voto popular em função de denúncias de problemas sociais, ambientais e trabalhistas. Em 2012, a mineradora brasileira Vale foi eleita pelo público por violações de direitos humanos e impactos ambientais causados por suas operações. Por razões similares, a Shell foi a eleita de 2013. Para o ano que vem, a FIFA concorre com empresas como o banco HSBC, a loja GAP, a petrolífera Gazprom e a produtora de sementes e agrotóxicos Syngenta.
Entidade é acusada de incentivar violações de direitos e mau uso de dinheiro público. Público pode votar pela internet; resultado sai em janeiro.
A indicação da FIFA surge após a onda de manifestações que tomou conta do país durante a Copa das Confederações. A entidade presidida por Joseph Blatter é acusada de incentivar violações de direitos e mau uso de dinheiro público nos países que recebem o megaevento, em favorecimento de empresas parceiras e com anuência de governos locais.
A candidatura foi proposta pela Articulação Nacional dos Comitês Populares da Copa (ANCOP), rede que reúne movimentos e organizações sociais em todas as cidade-sede da Copa de 2014. Só no Brasil, a ANCOP contabiliza, por exemplo, cerca de 200 mil pessoas despejadas de suas casas ou ameaçadas de despejo em função de obras relacionadas com a Copa do Mundo.
Fonte: romario.org

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Fifa proíbe o São João em Salvador


A partir do mês de junho, quando acontecem os jogos da Copa das Confederações e Salvador abrigará algumas partidas, estão proibidas a realização de festas na cidade. A situação chegou ao conhecimento da Tribuna da Bahia por intermédio de dois moradores – um planejava realizar uma festa junina no bairro do Barbalho e o segundo em Periperi – as festas tiveram as licenças negadas pela Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo, Sucom, por conta de uma ordem da Fifa.
A TB entrou em contato com a assessoria do órgão municipal que confirmou a suspensão de eventos na cidade no mês de junho. “A Prefeitura de Salvador irá publicar um decreto dando maiores detalhes, mas a orientação é não liberar eventos na cidade em junho”, alega.
A Tribuna entrou em contato com a Assessoria Geral de Comunicação, Agecom, e teve como informação que isso faz parte de um acordo firmado entre a Fifa, o governo federal e ascidades sedes dos jogos. “O governo brasileiro assinou o acordo com a entidade e tem que aceitar as regras. Foi assim nos Estados Unidos e na África do Sul. Nos circuitos oficiais como Avenida Paralela, Avenida Bonocô, Orla, Dique do Tororó, Vitória, Ribeira, dentre outros pontos da cidade terão que exibir toda a comunicação visual com os patrocinadores da Copa. A Sucom deverá apreender quem estiver desrespeitando as regras”, alerta a assessoria.
Celeuma - Não é a primeira vez que ocorre episódios emblemáticos envolvendo a Fifa. A entidade havia proibido a comercialização de acarajés no entorno do estádio. A regra da Fifa recomendava o afastamento desse tipo de comércio num perímetro de até dois quilômetros das praças de jogos.
A atitude foi tomada porque o acarajé não deveria ser concorrente aos hambúrgueres produzidos pela rede McDonald’s, patrocinadora oficial da Fifa. Aparentemente a entidade teria voltado atrás e liberado a comercialização do bolinho, que é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, Iphan, como patrimônio imaterial.
Escritório da Copa se manifesta
A Tribuna da Bahia entrou em contato com o Escritório da Copa, Ecopa, que disse desconhecer a informação de restrição a eventos na cidade durante o mês de junho. “Cada evento é analisado individualmente pelos órgãos competentes e a sua aprovação leva em conta todas as condições necessárias, de acordo com a regulamentação vigente. Não há nenhum impedimento em relação à realização de eventos na cidade. Pelo contrario, tanto a Prefeitura, quanto o Governo de Estado estão elaborando uma ampla programação de eventos que oportunamente será divulgada, para que todo o cidadão soteropolitano possa ter lazer, cultura e entretenimento durante a realização dos jogos em nossa cidade”, informou a nota da assessoria da Ecopa.
Questionada se a Fifa teria “alugado” a cidade, a Ecopa se manifestou. “Salvador, bem como todas as cidades-sede, tem recebido investimentos em diversas áreas (infraestrutura, requalificação de espaços urbanos, mobilidade, segurança, capacitação de mão de obra, saúde, equipamentos públicos, cultura, turismo), o que tem dinamizado a sua economia, através da geração de emprego e renda para os mais variados setores, trazendo benefícios para toda a população. Tudo isso vem gerando oportunidades que impulsionam o desenvolvimento da cidade e elas estão acontecendo justamente por conta da realização dos jogos. Uma vez bem sucedidos, Salvador poderá se posicionar cada vez mais como uma cidade apta a receber novos eventos em inúmeras áreas”, sinaliza e acrescenta: “Salvador está cumprindo rigorosamente o que determina a Lei Geral da Copa (Lei Federal nº. 12.663/12), no sentido de garantir a realização de todas as atividades previstas com pleno êxito. Assim, estamos trabalhando intensamente para que a capital baiana se torne uma cidade cada vez melhor e seja ainda mais desfrutada por todos os soteropolitanos”. 
Fonte: Tribuna da Bahia

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Alemães premiam plano contra remoção por causa das Olímpiadas no Rio

Deutsche Bank destaca projeto dos moradores da Vila Autódromo, na Zona Oeste da cidade, como exemplo de cooperação entre várias entidades. Apesar da iniciativa, retirada de casas pela prefeitura deve acontecer.

"É uma derrota ao projeto olímpico elitista do governo do Rio de Janeiro", afirma o urbanista Carlos Vainer sobre a conquista do prêmio Deutsche Bank Urban Age Award de 2013, pelo Plano Popular Vila Autódromo. O projeto, que Vainer ajudou a coordenar, prevê a urbanização e o reassentamento da comunidade dentro da mesma área que ocupam atualmente, na zona oeste do Rio de Janeiro.
O estudo desenvolvido pelos próprios moradores surgiu com o intuito de servir como alternativa a uma polêmica proposta da prefeitura do Rio, que pretende retirar mais da metade das quase 600 famílias de baixa renda que vivem no local, próximo ao nobre bairro da Barra da Tijuca. Os moradores deverão ser transferidos para apartamentos construídos pelo programa Minha Casa, Minha Vida.
Segundo o júri, que escolheu o vencedor em meio a outros 170 projetos no Rio de Janeiro, o Plano Popular "é um exemplo de parceria" entre diferentes entidades e mostra "como uma comunidade pode ser adaptada para melhorar os padrões de vida de todos os moradores". Pelo trabalho desenvolvido, a Associação de Moradores e Pescadores da Vila Autódromo (Ampava) recebeu na última terça-feira (03/12) 80 mil dólares – dinheiro que os moradores esperam poder aplicar no plano que criaram.
Prefeitura insiste
Aninstia Internacional lançou campanha "Basta de remoções forçadas", para chamar a atenção para o problema
No que depender da prefeitura no Rio, no entanto, esse recurso precisará ter outra destinação. As autoridades insistem em um projeto de expansão viária e na construção do acesso ao futuro parque olímpico exatamente no local. A prefeitura alega ainda que uma faixa de 25 metros em torno de uma lagoa precisa ser desocupada.
Apresentado para a prefeitura no ano passado, o Plano Popular chegou a ser considerado "mais adequado" do que o projeto oficial em avaliação do Grupo de Trabalho Acadêmico Profissional Multidisciplinar – formado por entidades civis – em agosto passado por considerar a implantação de infraestrutura básica, urbanização e por manter a coesão social. Professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que apoia os moradores, Vainer ressalta ainda que a proposta sairia 25% mais barata aos cofres públicos.
Para descartar o Plano Popular, a prefeitura reafirma que a proposta leva em consideração apenas questões ambientais – sem resolver o problema das obras que atenderão aos Jogos Olímpicos, que deverão passar por áreas ocupadas atualmente por moradores.
As remoções devem começar a partir de fevereiro. A prefeitura garante que, das 278 famílias que precisam ser retiradas, apenas 30 ainda não concordaram com a transferência para o Parque Carioca. E, entre as que não receberam o ultimato do governo, 130 teriam procurado as autoridades voluntariamente em busca de um apartamento na nova área ou mesmo pedindo indenização para deixarem sua casa.
Remoções
Vainer acredita a conquista do prêmio concedido pelo banco alemão poderá dar um novo impulso ao movimento contrário à remoção dos moradores. "Chegamos a um limite", diz o pedreiro Altair Guimarães, presidente da Associação de Moradores e Pescadores e Pescadores da Vila Autódromo (AMPVA). O prefeito quer fazer uma limpeza social aqui", acusa.
Guimarães conta orgulhoso que a comunidade era um modelo de resistência para a população de localidades sob risco de remoção. A luta pela legalização dos terrenos onde vivem era antiga, ele lembra, já durava mais de 20 anos.
Carlos Vainer ressalta ainda que a área para onde a comunidade está sendo levada oferecerá uma série de dificuldades a seus futuros moradores. "Lá não tem infraestrutura de escola, de postos de saúde, a de transporte é pior do que a do local onde eles vivem atualmente, afastando-os de seus locais de trabalho", avalia. "Haverá uma grande degradação das condições de vida."
Obras da Copa e das Olimpíadas têm impactos sociais no país
Guimarães, morador há 17 anos da vila, afirma que parte dos moradores já se mostra arrependida de ter concordado em sair. Alguns chegaram a alegar não ter compreendido bem que, consultados pela prefeitura, deram sua anuência pela remoção. Um abaixo-assinado recolhido pela associação já conta com 270 assinaturas de moradores da Vila Autódromo que afirmam querer permanecer em suas casas.
"A estratégia da prefeitura neste caso vem sendo convencer os moradores de que eles precisam sair, e ainda invertendo a ordem das coisas, pois, de acordo com o papel que eles assinaram, é como se eles mesmos estivessem se propondo a deixar a Vila Autódromo", explica a defensora pública Maria Lúcia de Pontes, do Núcleo de Terras e Habitação da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.
De acordo com Maria Lúcia, que vem acompanhando a situação junto à Ampava, a retirada dos moradores só é definida por lei no caso da desocupação da faixa de proteção da lagoa. Ela diz que não haveria motivo para ninguém sair por enquanto.
Carlos Vainer critica o que chama de "enorme intransigência" da prefeitura, a qual ele acusa de exercer uma pressão ilegal sobre a comunidade. "Os últimos meses de negociações se mostraram uma farsa", acusa o urbanista. Ele diz que o governo chegou a ceder parte do espaço que precisaria para alargar as avenidas para a construção de calçadas e jardins de bairros nobres próximas – e agora quer compensar esse trecho retirando casas no bairro de classe baixa.
Fonte: DW

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

Ronaldo defende 'jeitinho brasileiro' na organização para Copa do Mundo


Ex-jogador e membro do COL diz que 'gringos' não estão acostumados com forma brasileira de trabalhar, e garante estádios para a competição.

A preocupação com o atraso nas obras de alguns dos estádios que receberão a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, é grande, mas não para aqueles responsáveis pela organização da competição. Membro do Comitê Organizador Local (COL), o ex-jogador Ronaldo defendeu o “jeitinho brasileiro” característico por aqui e disse que, apesar disso, nada colocará em risco a realização da Copa do Mundo (assista ao vídeo).
- O gringo, no geral, não conhece o nosso “jeitinho brasileiro” de ser e fazer as coisas. É muito característico isso no brasileiro, de fazer as coisas no último momento e começar uma correria, mas a gente tem todas as garantias de que todos os estádios estarão prontos para a Copa - disse Ronaldo, ao SporTV.
Ronaldo entrevista sorteio Copa do Mundo (Foto: Getty Images)Ronaldo diz que correria faz parte do jeito brasileiro
de trabalhar (Foto: Getty Images)
O apresentador do “SporTV News” Marcelo Barreto lamentou que os organizadores não tenham aproveitado a Copa do Mundo para deixar boas impressões nos estrangeiros, lembrando que, agora, já é tarde demais para que isso aconteça.
- Sobre a frase do Ronaldo: a Copa seria uma oportunidade de mostrar para o mundo que a gente sabe fazer as coisas sem jeitinho brasileiro também. "Seria", já não vai ser mais.
Outra declaração que chamou a atenção nesta quarta-feira, na Costa do Sauípe, no litoral norte da Bahia, onde na sexta-feira acontecerá o sorteio final da Copa do Mundo, foi dada pelo ministro do Esporte Aldo Rebelo. Ele comparou a lentidão nas obras ao tradicional atraso de uma noiva.
Copa seria uma oportunidade de mostrar ao mundo que a gente sabe fazer as coisas sem jeitinho"
Marcelo Barreto, jornalista do SporTV
- No Brasil temos um instituição muito tradicional, que é o casamento. Nunca fui a um casamento em que a noiva chegasse na hora, mas nunca vi um casamento deixar de acontecer por causa disso. Não há nada que comprometa a realização da Copa. Nós queremos que os estádios sejam entregues o quanto antes possível porque as arenas precisam passar pelos eventos testes.
Marcelo Barreto disse ter havido um equívoco no momento da comparação entre uma cerimônia de casamento e a realização de uma Copa do Mundo.
- Estádio não é a noiva ministro, estádio seria a igreja, e a igreja tem que estar pronta na hora do casamento - concluiu.
O sorteio final para a Copa do Mundo de 2014 acontece nesta sexta-feira, a partir de 14h, com cobertura ao vivo do SporTV.

Fifa libera R$ 47 milhões para melhorar sua imagem no Brasil


Um dos principais alvos dos protestos previstos para o período da Copa, a Fifa decidiu abrir os cofres para tentar melhorar a sua imagem no país.
Na quinta-feira o secretário-geral da entidade, Jérôme Valcke, anunciou a liberação de US$ 20 milhões (R$ 47 milhões) para um "fundo de legado para o futebol brasileiro".
Com a previsão de captar US$ 100 milhões (R$ 235 milhões) até o final do torneio, o programa pretende financiar dezenas de projetos sociais. As 12 cidades-sede serão as principais beneficiadas.
Inicialmente, o fundo seria lançado somente após o Mundial, mas a Fifa decidiu antecipar o programa após ter a imagem abalada no país na Copa das Confederações, quando os protestos foram direcionados também à entidade devido ao alto custo do torneio principal.
Juca Varella/Folhapress
Blatter e Valcke (dir.) durante entrevista na Costa do Sauipe na véspera do sorteio da Copa do Mundo
Blatter e Valcke (dir.) durante entrevista na Costa do Sauipe na véspera do sorteio da Copa do Mundo
Concebido para ser gerido em conjunto com a CBF, a entidade acredita que as ações sociais no país serão uma forma de mostrar publicamente para a população que o Mundial também deixará legado e não somente gastos.
No mês passado, o Ministério do Esporte anunciou que R$ 22,5 bilhões serão gastos em investimentos para a Copa.
A Fifa já negocia com entidades brasileiras. Em janeiro, Valcke vai anunciar os primeiros projetos beneficiados.
"Serão programas de jovens iniciantes no futebol, e também na área da educação, mas somente em janeiro teremos mais detalhes. O importante é que vamos nos antecipar e parte do dinheiro já foi depositada no fundo antes do início da Copa", afirmou o secretário-geral.
O Mundial do Brasil será o mais lucrativo da história da Fifa --vai render R$ 4,1 bilhões à entidade.

Fonte: FolhaSP

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Estádios de Curitiba e Manaus desistem de projetos por prazo da Copa

Manaus não terá na Copa do Mundo de 2014 o estádio mais sustentável do país. Curitiba também não receberá seus jogos em uma arena com cobertura retrátil. Ambas as cidades não conseguiram cumprir seu cronograma original de obras para o Mundial do ano que vem e tiveram que desistir de seus projetos ambiciosos para tentar concluir seus estádios dentro do prazo estabelecido pela Fifa, que acaba dia 31 de dezembro.
As duas sedes da Copa estão entre as seis que ainda não terminaram as obras de suas arenas para o evento. São Paulo, Natal, Porto Alegre e Cuiabá completam essa lista. A capital do Paraná e do Amazonas, no entanto, foram as únicas que já oficializaram que não conseguirão concluir tudo o que haviam prometido até o início Mundial. Esse fato não afeta a participação das duas no torneio da Fifa.
Curitiba foi a primeira a abandonar seu projeto original de estádio. Em agosto, membros da Fifa acordaram com representantes do Atlético-PR que a ideia de instalar uma cobertura retrátil na Arena da Baixada precisava ser adiada.

A arena pertence ao Atlético-PR, mas sua reforma está sendo bancada com a ajuda de recursos públicos. Inicialmente, a obra no estádio o tornaria o primeiro do país a ter um telhado que abre e fecha conforme as condições climáticas, já em meados de 2014. Devido a atrasos, o projeto da cobertura será retomado só após o torneio.
"Fizemos um pedido para a cidade e o clube de adiar a cobertura retrátil para que o estádio esteja pronto para a Copa", disse o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, após a reunião que selou o adiamento da ideia.
Meses depois da Arena da Baixada, foi a vez da Arena da Amazônia também desistir de seu projeto de sustentabilidade. Em outubro, o governo do Estado admitiu que não haverá tempo suficiente para que um sistema para geração de energia solar no estádio esteja pronto para o Mundial de 2014.
O projeto da usina tinha sido feito com ajuda do banco KFW (banco de desenvolvimento do governo alemão para países emergentes). A estatal Eletrobras chegou a se reunir com secretários de governo para ajudar na instalação de painéis de captação de energia dos raios do Sol no estádio. Tudo isso, porém, só deve ser feito após a Copa.
Fonte: Pedro Ivo Almeida e Vinicius Konchinski, Do UOL, em Curitiba e no Rio de Janeiro