segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

CBF quer 'cassar' mando de clubes no Brasileirão para evitar elefantes brancos



Entidade articula ação que obrigará todos os participantes do Brasileirão da Série A a cederem até dois dos seus mandos para estádios de Cuiabá, Manaus e Brasília

Obras da Arena da Amazônia - Manaus (Foto: Chico Batata/AGECOM)

Os estádios de Cuiabá, Manaus e Brasília, três dos 12 palcos da Copa 2014, são vistos como fortes candidatos a se tornarem elefantes brancos após o torneio devido à falta de grandes partidas. Para tentar evitar o desperdício de tanto dinheiro público, a Confederação Brasileira de Futebol recorrerá aos principais clubes do país.
O LANCE!Net apurou que os dirigentes da CBF articulam uma "canetada" para obrigar todos os participantes do Campeonato Brasileiro da Série A a cederem até dois dos seus 19 mandos. A ideia é que os clubes mais populares do país mandem esses confrontos escolhidos pela entidade nesses três estádios.
E MAIS:
> Arena Pernambuco também pode entrar em 'canetada' da CBF
Na visão dos representantes da CBF, ao cederem dois dos 19 jogos que têm como mandante, os clubes da Primeira Divisão não seriam tão prejudicados. E, em contrapartida, a soma de todos os confrontos representaria "vida" aos palcos de Cuiabá, Manaus e Brasília, cujos clubes não fazem parte das principais divisões do futebol brasileiro.
A ideia inicial é de que a medida já seja tomada para a próxima temporada, algo que ainda dependeria do andamento das obras – apenas a capital federal será sede na Copa das confederações. Outra dúvida que ainda persiste na cabeça dos dirigentes é quanto ao aval da própria Fifa, que tende a preservá-los até a disputa do Mundial, em julho de 2014.
– E não será apenas do Brasileirão, não. Serão levados jogos do futebol feminino, da Copa do Brasil Sub-20, entre outros torneios – afirmou uma das pessoas ligadas à CBF.
Os clubes, que seriam obrigados a cederem seus mandos, receberiam duas compensações financeiras da Confederação. A primeira seria o pagamento de todos os gastos com avião e hotel. A segunda – e mais importante – é que a entidade garantiria uma renda mínima igual ao que o clube arrecadou no ano anterior em seu estádio. Se a média foi de R$ 300 mil brutos, a renda mínima nesse jogo cedido seria de R$ 300 mil brutos.
Fonte Lance!

COM A PALAVRA
Erich Beting
Editor do site Máquina do Esporte

"É para tentar amenizar, mas não é uma solução"

Essa medida da CBF, na minha visão, é uma tentativa de amenizar o problema, mas nunca poderá ser encarada como solução. Do ponto de vista da entidade, isso mostra uma preocupação válida com essas arenas esportivas do Brasil. Do ponto de vista dos clubes que teriam de ceder seus estádios, sem dúvida, seria péssimo. Afinal, não haveria a possibilidade de exploração comercial, você não poderia fazer isso com seus parceiros, enfim, para todos os patrocinadores de clubes seria algo péssimo.
Uma situação que eu vejo como positiva nessa medida seria a possibilidade de os clubes explorarem locais que normalmente não são explorados. Isso acontece na Copa do Brasil, por exemplo, quando vemos um Corinthians ou um Palmeiras indo para Alagoas, Roraima...
Eu ressalto que um estádio só não poderá ser considerado inútil quando recebe dois, três jogos por mês. Na prática, esses novos palcos serão interessantes para Inter, Corinthians, Atlético-PR, para os cariocas que vão utilizar o Maracanã, para os dois de Minas...os outros, mesmo com a medida da CBF, não poderiam ser considerados úteis.






Elefantes brancos: arenas destinadas ao prejuízo

Sem clubes com grandes torcidas, novos estádios em construção em Manaus, Cuiabá, Natal e Brasília podem deixar herança de dívidas.


Elefantes brancos: arenas destinadas ao prejuízo divulgação/governo do MT
Arena Pantanal: em Cuiabá, apenas um time demonstrou interesse em jogar no novo estádio – ainda assim, só se subir à Série B Foto: divulgação / governo do MT
Quatro das 12 arenas em construção para a Copa do Mundo precisarão de um milagre para recuperar os investimentos nos novos estádios, que somam cerca de R$ 2,2 bilhões até o momento.

Confira o ranking dos estádios em obras para a Copa
Para preencher as arquibancadas, com capacidades entre 40 mil e 70 mil torcedores, apostam em shows musicais e eventos para compensar médias de público de até 522 pessoas, como no campeonato do Mato Grosso. O problema: sem um ou mais clubes para trazer torcedores periodicamente, a chance de o estádio ficar vazio é enorme.
Dos 12 estádios do Mundial de 2014, pelo menos quatro estão ameaçados de se tornarem após o evento "elefantes brancos", expressão para obras públicas pouco utilizadas e com alto custo de manutenção: o Estádio Nacional e as Arenas Pantanal, Amazonas e das Dunas.
Entre os administradores públicos responsáveis pelos estádio, é consenso de que o futebol não sustentará as novas arenas. Eles entram em unanimidade quando a questão são as alternativas para mantê-las.
– A ideia é conceder a administração à iniciativa privada. O forte dessas arenas novas são os eventos, não só shows, mas aluguéis de salas de reuniões. Tendo uma administração versátil, acho que a gente consegue chegar ao custo de manutenção – disse, não muito confiante, Miguel Capobiango, coordenador-geral da Unidade Gestora Projeto Copa do Mundo em Manaus, que revelou já ter apresentado a Arena Amazônia para cinco operadoras.
A capital do Amazonas só tem um estádio funcionando, o do Serviço Social da Indústria (Sesi), para 4 mil pessoas. Não precisaria ser maior, pois a média de público do estadual foi de 800 pessoas, de acordo com Ivan Guimarães, diretor técnico da Federação Amazonense.
Nenhum dos times de Natal quer jogar na Arena das Dunas
Apesar de Natal contar com dois times na Série B, a Arena das Dunas não tem interessados em utilizá-la. O ABC manda seus jogos no Frasqueirão, estádio para 18 mil torcedores, construído há apenas cinco anos. Já o América resolveu construir seu próprio estádio, na Região Metropolitana, mesmo podendo usar um equipamento novinho, na região central. O motivo: a empreiteira OAS, responsável pela obra da Arena das Dunas, teria negado patrocínio para o time.
– Entendo os argumentos da empresa, mas é triste ver Vitória e Bahia sendo patrocinados em Salvador. Se tivesse recebido o apoio, não sei se teria lançado o projeto. Agora não tem volta – disse o presidente do América, Alex Padang.
Não que o clube precise de uma arena gigantesca. Os torcedores de todos os jogos do América no Estadual de 2012 – 20.340 almas – não preencheriam sequer a metade das 43 mil cadeiras da Arena das Dunas.
Em Cuiabá, o time homônimo da cidade, de apenas 10 anos, mas financiado por um empresário do ramo da borracha, mostrou interesse em arrendar a Arena Pantanal, com uma condição: se estiver na Série B em 2014 – atualmente está na C.
Andressa Rufino, autora do livro Arena Multiuso: Um Novo Campo nos Negócios, é pessimista sobre o aproveitamento dos estádios em construção para o Mundial de 2014.
– Construir uma arena sem ter um clube âncora para chamar os torcedores é praticamente matá-la. Acho que essas arenas até conseguirão uma operadora, mas apenas por médio e curto prazo, para explorar a Copa – afirma Andressa.
Na África do Sul, depois da última Copa, até a demolição de arenas foi cogitada para evitar prejuízos. O problema também atingiu Portugal: três estádios construídos ou reformados para a Euro 2004 foram postos à venda por conta do baixo público.

Fonte: Zero Hora

Evento Copa vira piada nas redes sociais



Não sei se todos tem a mesma impressão que eu. Mas noto uma certa antipatia surgindo acerca do mega evento. Enquento muitos estão animados, muitos outros estão inconformados com o evento da Fifa no Brasil, isto devido à quê? Devido ao fato dos gestores públicos não usarem do velho bom senso:

Prefeito de BH quer tirar verba da Educação:
http://www.valor.com.br/brasil/2941326/prefeito-de-bh-quer-tirar-verba-da-educacao-para-investir-mais-na-copa

Fora os inúmeros casos de desapropriação de vilas e favelas em áreas nobres, caso Pinheirinhos por exemplo.
Outro caso a ser lembrado é o de uma grande cerveja com o slogan "Imagina na Copa", mostrando a população fazendo carnaval no meio do engarrafamento. O evento vem aos poucos ganhando status de piada para uma parcela dos brasileiros.

Prefeito de BH quer tirar verba da educação para investir mais na Copa

Ruy Baron/Valor 
O prefeito de BH Marcio Lacerda (PSB) quer cortar orçamento da educação para investir na Copa do Mundo
 
SÃO PAULO E BELO HORIZONTE - O prefeito de Belo Horizonte, Márcio Lacerda (PSB), por meio da Procuradoria Municipal, entrou com ação cautelar no Supremo Tribunal Federal (STF) pedindo autorização para reduzir o orçamento da educação da cidade, para que possa ter mais recursos para obras relacionadas à Copa do Mundo de 2014. Desde 1990 uma lei orgânica exige que Belo Horizonte gaste 30% das receitas correntes líquidas com ensino — o artigo 212 da Constituição obriga que Estados e municípios invistam um mínimo de 25%.
Em nota divulgada nesta sexta-feira à tarde, Lacerda afirma que a lei que determina que Belo Horizonte aplique 30% das receitas em educação "é uma flagrante violação da Constituição". Na ação enviada ao STF o prefeito também alega que a aplicação de 30% de suas receitas em ensino compromete as finanças municipais, o que, por sua vez, "criaria obstáculos à execução de projetos relacionados à mobilidade urbana, entre outros aqueles se inserem na imperativa agenda nacional para a Copa do Mundo de 2014".
De acordo com o projeto de lei orçamentária de 2013, em tramitação na Câmara Municipal de Belo Horizonte, a previsão de gastos com ensino na capital mineira é de cerca de R$ 3 bilhões para o ano que vem. Se Lacerda conseguir o aval do Supremo, o setor perderá R$ 500 milhões. Por meio de sua assessoria de imprensa o STF informou que a ação cautelar da Prefeitura de Belo Horizonte será analisada pelo ministro José Dias Toffoli.
Fontes da área educacional e do governo federal consideram "difícil" que a ação seja julgada ainda neste ano, devendo ficar para fevereiro do ano que vem. "Os juízes do STF entram em férias na semana que vem e só voltam em fevereiro. O prefeito tem chances de sucesso, pois a Constituição, que está acima da lei orgânica municipal, estabelece um mínimo de 25% e BH gasta mais que isso atualmente", disse um especialista do Ministério da Educação (MEC). Em nota, o STF destacou que a Prefeitura de Belo Horizonte já tentou revogar a lei municipal uma vez junto ao Tribunal de Justiça, mas não obteve sucesso.
O cientista político Daniel Cara, coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, teme que uma decisão favorável a Lacerda possa abrir precedente para outros municípios que têm gastos superiores ao mínimo constitucional. "Isso vai na contramão do momento em que a sociedade brasileira vive, que é de disputar mais recursos para a educação. Além disso, isso pode ser um tiro no pé para o prefeito Lacerda, que tem demonstrado falta de sensibilidade no trato das políticas sociais."
(Luciano Máximo | Valor)

Romário, Ronaldo e as Copas do Mundo




Os dois foram, desde Pelé, os mais importantes jogadores brasileiros em Copas do Mundo. Romário, em 1994, e Ronaldo, em 2002, foram os heróis do tetra e do penta, respectivamente. No último sábado, os dois craques da bola mostraram um pouco do que pensam (ou são levados a pensar) a respeito de o Brasil abrigar a Copa do Mundo.
A pergunta feita pela “Folha de São Paulo” era direta: “O Brasil aproveitará o potencial da Copa?”.
Membro do Comitê Organizador Local, garoto-propaganda da Brahma na campanha “Imagine a festa”, entre outras funções ligadas ao evento, obviamente Ronaldo foi quem falou sobre o “sim” (é possível ler o texto aqui). Romário, deputado federal e que adotou o discurso de não ter rabo preso com ninguém, deu sua versão sobre o “não” (texto disponível aqui).

Os dois têm sua parte de razão. A de Ronaldo limita-se ao fato de que, realmente, não tem como voltar atrás. A Copa será no Brasil. Romário, por sua vez, argumenta de forma consistente sobre o que poderia ter sido e não será, mas também incorre no erro de achar que a Copa tira investimento que seria usado em saúde ou educação, discurso tão batido quanto o de que o Mundial só trará benefícios para o país.
Como sempre foi dito aqui no blog, o maior problema da Copa no Brasil é a falta de planejamento e, sobretudo, execução. O evento pode ser um imenso catalisador de vários processos, mas desde que saibamos antes o que queremos ao sediar o Mundial. Esse foi o primeiro problema da Copa no país. Nunca soubemos, e arrisco dizer que ainda não sabemos, o que abrigar o evento pode trazer de benefício para o país.
Esse é o primeiro erro para que a Fifa deite e role em cima da organização do torneio em terra brasileira. A entidade impõe a vontade dela, exige estrutura suficiente para o evento, mas não para a realidade do país. O resultado é aquilo em que os discursos mais exaltados se apoiam: a Copa é “para inglês ver”, com mais danos do que benefícios ao Brasil.
Depois do problema do planejamento, entramos na execução. Melhorias em aeroportos, vias públicas de acesso, infraestrutura hoteleira, atendimento na área de serviços, etc. Tudo isso foi vendido como “legado” da Copa. Mas o problema é que esse é um gargalo no Brasil dos anos 2010 que independe de qualquer megaevento acontecer no país.
Vivemos hoje num país que tinha projetado suas demandas para no máximo até os anos 1980. Não é por causa da Copa que temos de ter melhores aeroportos, mais facilidade no deslocamento urbano, melhores hospitais, oferta de hotéis e tudo o mais. É pelo fato de sermos hoje uma nação com quase o dobro de habitantes daquela em que quase tudo o que existe hoje foi construído.
Há uma clara incompatibilidade entre o Brasil de hoje com o tamanho e a ambição dos brasileiros de hoje. E isso fica evidente no debate que ainda cerca a Copa do Mundo. Tínhamos de discutir o aproveitamento do “potencial” da Copa há oito anos, quando a candidatura única do país para abrigar o Mundial de 2014 já se apresentava cristalina para quem era do meio esportivo.
Agora vamos fazer a Copa do jeito que é possível, e não da forma em que poderíamos usar o torneio para projetar para o mundo o Brasil que Ronaldo e seus parceiros comerciais tanto teimam em vender para nós.
Uma coisa é certa. Romário e Ronaldo combinam muito bem com Copa do Mundo. Mas só se for naquela Copa que o Brasil tem propriedade para dizer que “entende”, que é a que acontece dentro de campo.
Fora de campo, é obrigatório ter humildade e reconhecer que apanhamos de goleada…

Rio desiste de demolir museu vizinho ao Maracanã


Governo pretendia demolir o prédio do antigo Museu do Índio para construir estacionamentos e centro de compras ao lado do estádio do Maracanã

Antonio Pita, do
 
Tania Rego/ABrInterior do prédio do antigo Museu do Índio

Interior do prédio do antigo Museu do Índio, atualmente ocupado por famílias indígenas

Rio - O governador do Rio, Sérgio Cabral, voltou atrás da decisão de demolir o prédio do antigo Museu do Índio, vizinho ao estádio do Maracanã, na zona norte da cidade. Cabral confirmou nesta segunda-feira que trabalhará para o tombamento e restauro do prédio, construído em 1862. No último sábado, a Defensoria Pública do Estado conseguiu uma liminar no Tribunal de Justiça do Rio impedindo a demolição do prédio e estipulando uma multa de R$ 60 milhões caso o governo descumprisse a decisão.

O plano inicial do governador era demolir o prédio para construir uma área de estacionamentos e um centro de compras anexo ao complexo do Maracanã. O espaço seria cedido à iniciativa privada, que administrará o estádio após a Copa do Mundo de 2014. Sérgio Cabral chegou a alegar que a Fifa havia exigido a demolição do espaço para garantir a mobilidade dos torcedores no acesso aos jogos, o que foi negado pela entidade.
O prédio é ocupado desde 2006 por 23 famílias indígenas que desejam transformar o espaço em um centro cultural. O edifício foi destinado à causa indígena desde 1865, quando foi sede do Serviço de Proteção ao Índio (SPI), órgão que deu origem à Funai. No local também funcionaram escritórios do Marechal Rondon e Darcy Ribeiro, personalidades políticas ligadas à questão indígena. Ribeiro transformou o espaço, em 1953, em museu, que posteriormente, em 1978, foi transferido para um casarão em Botafogo, na zona sul. Desde então o prédio foi abandonado.
Apesar do valor histórico e cultural para os povos indígenas, o prédio não era tombado pelos órgãos municipal, estadual ou federal de preservação do patrimônio. Nos últimos meses, após o anúncio do projeto de demolição do prédio, os órgãos emitiram pareceres contrários à decisão e favoráveis ao tombamento. Apesar dos pareceres, o governo do Rio manteve o projeto de demolição, o que gerou polêmica entre ativistas da questão indígena.
Na última semana, a ministra da Cultura Marta Suplicy ligou para o governador e sugeriu que o prédio não fosse demolido em função de um parecer do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). O parecer considerava que o prédio tinha valor histórico não apenas pelas características arquitetônicas mas também pelo valor cultural para a identidade indígena.